Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 15 de setembro de 2013

Contra a picaretagem

Domingo, 15 de setembro de 2013 

Patrícia Fernandes
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br

Brasília foi tomada pelo Carnaval fora de época e dividiu cena com a crítica na capital federal. Com o objetivo de festejar os 35 anos de carnavais do Pacotão e, ao mesmo tempo, unir força aos protestos que vêm tomando conta do País, a Confraria do Pacotão e a Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília realizaram a 2ª Picarecandanga. Cerca de 30 pessoas participaram do evento. 

Em tom de brincadeira, a festa também contou com uma votação secreta para eleger o maior “picareta” do ano. Com 35% dos votos, o governador Agnelo Queiroz levou a melhor nas urnas. O ranking contou com outros nomes de peso: com 15% dos votos, o pastor Marcos Feliciano conquistou o segundo lugar; e a terceira posição teve disputa acirrada e terminou com empate entre José Sarney, José Dirceu e Gilmar Mendes.


Receio

Segundo o cantor e compositor José Antônio Filho, conhecido como Joka Pavarotti, a Picarecandanga tem cunho social e político. “É um ato carnavalesco político anarquista contra a corrupção, violência e à criminalização dos movimentos sociais. Além da confraternização, o nosso objetivo é participar do cenário no qual estamos inseridos”, explica. 

Ele destaca que os últimos acontecimentos, nos quais profissionais da imprensa foram agredidos por policiais, acenderam sinal de alerta para os foliões. “Diante de tudo o que vem acontecendo, estamos com muito medo da criminalização contra esses movimentos. As pessoas saem para as ruas de forma pacífica e em função de poucos que não têm o mesmo objetivo, acabam sendo vítimas de violência por parte dos policiais”, alega.

Participantes aprovaram o evento
Na opinião do presidente da Liga dos Blocos, Jean de Sousa Costa, esse é o momento de unir forças. “É uma oportunidade única de lutarmos contra a corrupção e a violência dos policiais”, disse.
O presidente do bloco dos Raparigueiros Wellinton Santana compartilha da mesma opinião. “Além  da diversão, o encontro tem como foco criticar tudo o quem vem acontecendo de errado e apoiar as reivindicações da população”, diz.
Para Pedro Sousa Neves, dirigente do Bloco Raparigueiros, esse é o momento de cessar toda a corrupção. “Precisamos acabar com a picaretagem presente no Brasil. Espero que essa eleição do maior picareta do ano possa nos fazer pensar nisso”, observa.
De acordo com Josiane Osório, participante do bloco Galinhas Ladras, que estreará no Carnaval do ano que vem, a festividade mais popular do País tem um grande poder em mãos. “O Carnaval tem muita importância no Brasil e, por isso, pode levar toda a sociedade a um nível alto de crítica contra o sistema”, acredita.
Saiba Mais
Até mesmo o capitão do Batalhão de Choque da PM, Bruno Rocha “marcou presença” no evento, representado por um grande boneco com a frase dita por ele: “Fiz porque quiz”.
Ele ficou conhecido e foi duramente criticado pela população depois de, no feriado de 7 de Setembro, ter atingindo intencionalmente manifestantes e jornalistas com spray de pimenta. 
A ação foi gravada em vídeo e um dos manifestantes pergunta porque o capitão havia jogado gás nas pessoas. “Porque eu quis. Pode ir lá e denunciar, tá bom? Capitão Bruno, BP Choque”, respondeu.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br