Sexta, 13 de
setembro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Alguns
renitentes resistentes, incrustados sobretudo na cúpula do PT, insistem em
reduzir essa dimensão, sem no entanto fazer sequer vã tentativa de encontrar
sujeira maior para esconder o que mostrou ao país em 2005
o escândalo (e recentemente o julgamento da Ação Penal 470).
Poderiam,
ainda que somente por dever de oficio, obrigação de patrulheiros, ir buscar em
1954 aquele “rio de lama” que passava por baixo do Palácio do Catete, sede do
último governo e primeiro eleito do presidente Getúlio Vargas.
Poderiam
ainda tentar inflar o escândalo que acabou levando à CPI de PC Farias e à
renúncia do presidente Fernando Collor, mas as provas eram bastante esquálidas.
Um
veículo utilitário Fiat Elba (coisa que hoje, ainda que zero quilômetro,
ninguém compraria mais, pois fazia parte das “carrocinhas” denunciadas pelo
próprio Collor ao entrar em campanha pela qualidade, então inexistente, dos
automóveis e utilitários brasileiros) e uma reforma nos maravilhosos jardins da
Casa da Dinda, onde o presidente eleito resolveu continuar morando, ao invés de
mudar-se para a o Palácio da Alvorada, Granja do Torto ou alguma oura
alternativa e que se espalhou haverem sido reformados com dinheiro público.
Além
dessas, houve muitas maledicências em um Congresso Nacional que detestava o
presidente porque este não dava muita bola para ele, o Congresso, e pode-se
supor, querendo, que uma parte das maledicências fosse verdadeira. Mas, esse
escândalo ficou um tanto desmoralizado porque nem mesmo um dólar solitário, ou
até um real, foi encontrado na cueca de ninguém.
Falha
tão decepcionante que o próprio Supremo Tribunal Federal julgou processo contra
Collor e o absolveu “por falta de provas”. Foi o mesmo STF cujo então
presidente, Sydney Sanches, presidiu a sessão do Senado que recebeu a carta de
renúncia de Collor, não podendo assim votar e decretar-lhe o impeachment, mas cassou-lhe, numa
decisão inconstitucional, os direitos políticos.
Não
dá para sair atrás de outros escândalos de currupção concorrentes do Mensalão,
muito importantes, como o dos Anões do Orçamento (quando foi abafada proposta
da CPI dos empreiteiros, escândalo gêmeo dos Anões, se houvesse emergido das
trevas em que se escondem tantas coisas ruins em nosso país). Não são
escândalos da mesma estirpe do Mensalão.
Bem,
o STF, com sua nova composição, significativamente diferente da que julgou os
réus do Mensalão – uma composição incrementada por alguns ministros recentemente
escolhidos pela Presidência da República petista – chegou na sessão de ontem a
um empate de cinco votos contra cinco quanto a receber ou rejeitar os “embargos
infringentes”, tipo de recurso que, na prática, permitiria um novo julgamento a
12 dos 25 réus, quando hajam sido condenados pelo tribunal apesar de haverem
recebido pelo menos quatro votos absolutórios. Isso acontece basicamente em
relação ao crime de formação de quadrilha.

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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.