Terça, 24 de setembro de 2013
Uma comunidade
abandonada pelo poder público durante décadas, dominada pelo tráfico,
sobre pressão e opressão por toda uma vida. De repente, surge o sonho
de uma vida melhor: a instalação da unidade de polícia pacificadora. A
promessa é que seria de uma vida melhor, sem violência, tudo com
objetivo da propagação da paz.
No entanto, em meio aos becos e
vielas estavam acontecendo ameaças, opressões, espancamentos e torturas,
como já foi denunciado pelo Jornal do Brasil durante as investigações do
sumiço do pedreiro Amarildo e neste domingo (22/9) foi tema de matéria
do programa Fantástico.
Trabalhadores saindo para trabalhar e
sendo coagidos, pessoas sendo consideradas como suspeitos e sendo
tratadas como nenhum ser humano merece ser tratado. Moradores sendo
abordados com choque no rosto, porrada, espancamento, sufocamento e spray
de pimenta. Tudo isso porque depois de uma semana dura de trabalho
costumam sair para as ruas para confraternizar com os amigos.
Não
aguentamos mais opressão, esse povo precisa de libertação. Somos seres
humanos, merecemos respeito. Chega de farsa, vamos ser realistas. Vamos
dar um basta de tampar o sol com a peneira, não é impondo medo que vamos
chegar a um lugar melhor.
Vale lembrar que a transformação e
mudança vem antes de repreender, prender e matar. A mudança somente
será concretizada através da educação, ninguém aprende nada com tapa na
cara e sufocamento.
É essa a politica de pacificação tão
inovadora do Governador Sérgio Cabral? É esse o caminho para
transformação da cidade maravilhosa? É essa a comunidade modelo que a
presidenta pediu ao Governador?
*Davison Coutinho, 23 anos,
morador da Rocinha desde o nascimento. Formando em desenho industrial
pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e
Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na
Comunidade, funcionário da PUC-Rio.
Fonte: Jornal do Brasil