Sábado, 7 de
dezembro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Estão confirmadas no evento – que se
pretende seja politicamente muito expressivo – as presenças do presidente
nacional do PSB, Eduardo Campos, governador de Pernambuco e candidato a
presidente da República e de Marina Silva, que impedida por um golpe cartorial
de registrar seu partido, o Rede Sustentabilidade, surpreendeu a nação e o
governo ao decidir aliar-se a Campos, filiando-se ao PSB.
Eduardo Campos comentou o trabalho
extraordinário e corajoso realizado pela baiana Eliana Calmon quando
corregedora nacional de Justiça, quando denunciou ao país a existência de
“bandidos escondidos atrás da toga” e de resistências muito fortes a uma
fiscalização da corregedoria a malfeitos ou ineficiência de magistrados e
órgãos da magistratura, denúncia em que não generalizava e até fazia o mais
difícil, especificando casos mais notórios.
“Eliana desempenha um papel importante na
história recente do Brasil. Sua seriedade e competência sempre foram
exemplares”, escreveu em sua página do Facebook o presidente nacional do PSB,
governador de Pernambuco e aspirante a presidente da República, Eduardo Campos.
O ingresso de Eliana no PSB foi articulado
por Campos – outros convites ela recebeu de vários partidos, tanto da oposição
quanto da área governista, mas não do PT, talvez porque este estivesse certo de
que um eventual convite seu não seria aceito ou por entender que há, entre o PT
e a ministra, “incompatibilidade de gênio”.
Ao ingressar na seção baiana do PSB,
Eliana entra sabendo que será candidata a uma cadeira no Senado Federal. Em
princípio, conquistá-la não será uma tarefa fácil, porque, ressalvadas
surpresas, vai enfrentar o candidato governista Otto Alencar e o candidato de
um agrupamento de partidos da oposição no qual se destacam, também ressalvadas
surpresas, o Democratas, o PMDB e o PSDB.
A entrada de Eliana na batalha eleitoral
do ano que vem representa um reforço, na Bahia, à campanha presidencial do PSB,
já fundada sobre a candidatura da senadora Lídice da Mata, que também se
beneficia, política e eleitoralmente, da presença de Eliana na chapa socialista
que concorrerá às eleições majoritárias de 2014.
Esta chapa, aliás, vai, naturalmente,
buscar votos tanto na área da oposição tradicional quanto na governista, mas é uma
ameaça flagrante à chapa governista liderada pelo petista Rui Costa. É que o PT
e o PSB estavam juntos até recentemente (ainda estão, por enquanto, considerando
ocupação de cargos na administração estadual) e será bastante fácil militantes
e eleitores governistas insatisfeitos migrarem para a chapa do PSB. Esse
fenômeno e o crescimento político-eleitoral da chapa do PSB às eleições
majoritárias baianas poderão ampliar-se na medida em que cresça a campanha do
PSB para a presidência da República, seja a chapa encabeçada mesmo pelo
governador Eduardo Campos, seja por Marina Silva.
A
sinergia entre as campanhas estaduais e as federais não é negligenciável. E,
sob certas circunstâncias, pode até ser decisiva.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.