Quinta, 13 de março de 2014
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
A Justiça de São Paulo negou hoje
(13) pedido de liminar em mandado de segurança apresentado pelo grupo
Advogados Ativistas que pedia a proibição da chamada "tropa de braço" da
Polícia Militar (PM) na manifestação contra a Copa do Mundo programado
para hoje. A decisão é provisória e cabe recurso.
Em seu pedido, os Advogados Ativistas, grupo formado por voluntários
da área jurídica que acompanham as manifestações de rua em São Paulo,
solicitaram o fim do cordão de isolamento e das revistas sem fundamento e
ainda para que não houvesse ação policial contra os manifestantes. Os
advogados pediram também que os policiais que atuarem na manifestação
utilizem “de forma visível” a tarjeta de identificação, que não utilizem
táticas de cercar e isolar participantes das marchas e que não sejam
feitas prisões para averiguação.
No documento que foi encaminhado à Justiça, os advogados lembraram da
última manifestação contra a Copa, ocorrida no dia 22 de fevereiro,
quando 262 pessoas foram detidas, entre elas diversos jornalistas.
“Enquanto a manifestação percorria pacificamente as ruas do centro de
São Paulo, a Polícia Militar interrompeu, sem legítima causa,
utilizando-se da tática denominada Panela de Hamburgo ou kettling, nome derivado do termo em inglês kettle para chaleira e do alemão kessel
para caldeirão, técnica que consiste em cercar e isolar as pessoas
dentro de um cordão policial para posteriormente encaminhá-las ao
Distrito Policial. Feita a Panela de Hamburgo, os policiais fecharam a
rua com dois cordões de isolamento, de forma a manter, nos limites dos
mesmos, isolados, os manifestantes que, repita-se, permaneciam em
atitude claramente passiva”, diz o pedido dos advogados.
O protesto Não Vai Ter Copa, feito em fevereiro, reuniu
aproximadamente 1,5 mil pessoas. Os 262 detidos foram encaminhados para
sete distritos policiais da região central da capital paulista. Todos
foram liberados após prestarem depoimento. Durante o ato, agências
bancárias foram depredadas e houve confronto entre manifestantes e
policiais. De acordo com a PM, 2,3 mil homens participaram da operação,
sendo 200 com treinamento em artes marciais.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji) apontou que 19 jornalistas foram detidos ou
agredidos durante esse protesto. Segundo o levantamento, em todos os
casos os jornalistas apontaram a Polícia Militar como agressora.
O terceiro ato contra a Copa foi convocado pelo Facebook e, até o
início da tarde de hoje, contava com a confirmação de quase 14 mil
pessoas. O protesto está marcado para hoje, a partir das 18h, com saída
prevista do Largo da Batata. “O Brasil receberá a Copa do Mundo de 2014,
porém a população que não foi consultada é quem vai pagar o preço. Tudo
não passa de um grande espetáculo com o dinheiro do contribuinte”, diz a
mensagem no Facebook, que convida os internautas a participarem do
protesto.
Procurada pela Agência Brasil, a Polícia Militar ainda não confirmou a intenção de utilizar a "tropa de braço" na manifestação de hoje.