Terça, 18 de março de 2014
Nota da Anel e do Juntos!
Escrevemos
essa nota as vésperas de se completar 50 anos do golpe militar no
Brasil. Naquele tempo, muitos jovens deram suas vidas pelo direito de
protestar, de se organizar, de lutar pelos seus sonhos. Atualmente,
vivemos naquilo que chamam de democracia. Uma “democracia” que tem lado.
E por isso, temos que nos deparar com casos que nos remetem ao passado,
como o que aconteceu no dia 14 de março de 2014.
Recebemos a revoltante notícia de que sete companheiros lutadores de
Porto Alegre, entre eles Matheus Gomes, Lucas Maróstica, dirigentes da
ANEL e do Juntos! no Rio Grande do Sul, foram indiciados por um
inquérito montado pela polícia civil. Acusados de formação de milícia
privada, posse e emprego de explosivos, entre outras bizarrices,
trata-se de um inquérito político, uma aberração jurídica. Uma afronta
aos direitos constitucionais de livre expressão, manifestação e
organização.
O inquérito se formou ainda no ano passado, após as Jornadas de
Junho. Os sete companheiros são parte do Bloco de Lutas, que organizou
as manifestações na cidade gaúcha, inclusive a ocupação da Câmara dos
Vereadores em defesa do transporte público, conquistando a revogação do
aumento da passagem. Na formação do inquérito, a polícia civil chegou a
invadir suas casas e apreender objetos pessoais, como celular,
computador, e até mesmo textos marxistas!
Desde as gigantescas manifestações em junho de 2013, vivemos no
Brasil uma ofensiva de repressão e criminalização dos movimentos
sociais. A juventude e os trabalhadores, entretanto, não saíram das
ruas. Recentemente, vivenciamos a vitoriosa greve dos rodoviários de
Porto Alegre a empolgante greve dos garis no Rio, quando a onda laranja
ganhou apoio popular e derrotou a prefeitura. Diante de tamanha
polarização social, governo Dilma e FIFA deram como resposta a
apresentação no Congresso Nacional da lei anti-protestos, conhecida como
o A1-5 da FIFA.
Diante desta dura realidade, é preciso unificar forças e combater as
prisões, inquéritos, repressão aos atos, e tudo o que signifique a
criminalização da nossa luta. Eles querem nos calar, mas não
conseguirão. Não sairemos das ruas!
Através dessa nota, ANEL e Juntos! prestam toda a solidariedade aos
companheiros Matheus Gomes, Lucas Maróstica e demais indiciados, e
reafirmam a unidade para defender nosso legítimo direito de se
manifestar. Exigimos que o governador Tarso Genro intervenha e ponha fim
a esse absurdo inquérito. Lutar não é crime!