Quarta,
18 de junho de 2014
Helena
Martins
Repórter
da Agência Brasil
Um protesto convocado por movimentos
sociais de Porto Alegre terminou hoje (18) após ação policial contra os
manifestantes. Os repórteres do Portal Terra e da Rádio Guaíba foram atingidos
por estilhaços de bombas de efeito moral lançados pela polícia. De acordo com a
assessoria de comunicação do Comitê Gestor da Copa do Governo do Rio Grande do
Sul, os dois receberam atendimento médico no local e depois no Hospital de
Pronto-Socorro, mas já foram liberados.
A Secretaria de Segurança Pública do
governo do Rio Grande do Sul informou que a polícia acompanhou a movimentação
até o limite de uma faixa que havia sido colocada pelas forças de segurança
para demarcar o limite da manifestação. Após a faixa, estava a Brigada Militar.
Em nota,
a secretaria informa que esse limite foi rapidamente ultrapassado por
manifestantes, que romperam a fita e avançaram em direção à tropa. "Para
contê-los, foram lançadas quatro granadas de efeito moral pela Brigada Militar.
Não foram usadas bombas de gás lacrimogênio para não atingir um número maior de
pessoas que estavam nas proximidades", diz a nota.
Quando os manifestantes passaram da
faixa, a brigada reagiu lançando bombas de efeito moral. Ainda de acordo com a
secretaria, a área não faz parte da zona de restrição da Federação Internacional
de Futebol (Fifa) e não houve diálogo prévio com os ativistas acerca dos
limites estabelecidos.
A ação de dispersão ocorreu apesar das
forças de segurança não terem registrado nenhuma depredação ou qualquer ação
dos manifestantes que possa ser considerada crime.
A concentração para o ato teve início
às 12h, na região central da cidade. O grupo fechou uma avenida e tentou
marchar em direção ao estádio Beira-Rio, onde foi disputada hoje a partida
entre Austrália e Holanda. De acordo com Katia Marko, integrante do Comitê
Popular da Copa de Porto Alegre, os ativistas foram impedidos de continuar o
trajeto pela Brigada Militar, permanecendo cercados em uma praça por cerca de
uma hora. Uma negociação entre policiais e os cerca de 150 participantes do ato
possibilitou que os ativistas saíssem do local, segundo Katia. A ação da
polícia foi criticada pelos organizadores do ato. “É um aparato repressivo
muito grande”, afirmou.
Integrante do Bloco de Lutas,
articulação que liderou as principais manifestações contra o aumento da tarifa
de transporte público em Porto Alegre em 2013, Cláudia Favoro disse que “o
aparato repressor que a gente viu hoje eu nunca tinha visto na história. Nosso
objetivo não é enfrentar a polícia, é conseguir fazer a denúncia e dialogar com
a população para entender um pouco o que está ocorrendo no país”.
Favoro apontou a violência policial e a
remoção de famílias por causa de obras da Copa do Mundo como duas das
principais críticas feitas pelos movimentos sociais à organização do Mundial.
“Na Vila Dique, comunidade que remanesceu da duplicação da pista do aeroporto,
cerca de 600 pessoas permanecem sem nenhum serviço público”, afirmou. De acordo
com Favoro, que é arquiteta, a duplicação da via estava prevista na Matriz de
Responsabilidade da Copa, mas teve que ser paralisada após estudo geológico
apontar a inviabilidade da obra. Cerca de 200 pessoas removidas desde 2009
foram reassentadas a cerca de 30 quilômetros da comunidade, enquanto parte
permanece no local.
Apesar do confronto, as duas
organizadoras do ato disseram que os movimentos continuarão saindo às ruas para
protestar. O próximo ato está marcado para a segunda-feira, 23, dia de jogo da
Seleção Brasileira com Camarões, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. No
último dia 12, outro protesto em Porto Alegre terminou com conflito entre
policiais e manifestantes.
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