Domingo, 1º de junho de 2014
Da Tribuna da Bahia
Uma reportagem do New York Times promete deixar
todos os envolvidos na Copa do Mundo de 2014 assustados.
Fantasma presente em diversos países, inclusive com
grandes times já tendo sido punidos por conta disso, o texto fala sobre
manipulações de resultados que aconteceram antes da Copa do Mundo de 2010, na
África do Sul, nos preparativos para o Mundial.
Segundo o relato de Declan Hill e
Jeré Longman, ao menos cinco partidas foram manipuladas antes do apito inicial
para a Copa, envolvendo também o país anfitrião, por uma empresa de Cingapura
já conhecida pela prática de compras
de resultados.
Dentre as evidências, fica clara a facilidade com que a
empresa asiática conseguiu colocar o esquema para funcionar na África do Sul,
lugar onde seria disputado o Mundial.
O
jogo citado com mais veemência por entre África do Sul e Guatemala, realizado em
maio de 2010 e que terminou em 5 a 0 para os anfitriões.
Em dificuldade financeira, a Federação Sul-Africana
aceitou a "ajuda" da empresa na indicação do árbitro para o amistoso,
onde seriam pagas todas as despesas dos oficiais em troca desse poder de
escolha. Ibrahim Chaibou, do Niger, foi apontado como o árbitro do jogo e
realizou uma série de marcações duvidosas, como pênaltis inexistentes contra os
guatemaltecos.
Dois pontos foram altamente
destacados. O primeiro é que, durante a partida, as apostas no número de gols
marcados pelo time da casa foram aumentando anormalmente, o que colocou em dúvida a
veracidade do resultado.
Outro indício foi o fato de Chaibou ter depositado uma
alta quantia no banco horas antes do jogo, testemunhado por outro árbitro que
estava na viagem. A quantia foi tão alta que o banco entregou uma moeda
comemorativa a Chaibou, com o símbolo de Nelson Mandela.
Outras partidas também são
citadas, como o amistoso contra a Dinamarca, na sequência. Apesar de todas
serem amistosas, o fantasma sobre uma manipulação no Brasil, em 2014, preocupa
a todos. Em 2010, Wilson Raj Perumal, um manipulador de Cingapura, tentou comprar
uma partida por 400 mil dólares, mas o árbitro não aceitou o suborno.
A prática da compra de resultados está aumentando
perigosamente no futebol, já que o número de apostas no esporte é alto. Como a
procura maior é por grandes eventos, a Copa do Mundo torna-se um evento
potencial para as manipulações.
Aquelas federações, como a África do Sul, que não têm
grande poder aquisitivo e passam por crise financeira, são lugares em que os
manipuladores podem adentrar facilmente e mudar o resultado de um jogo, inclusive
durante o Mundial.
Fato que preocupa também é que a própria FIFA, nesse caso
da África do Sul, não fez uma grande investigação e o árbitro envolvido no
esquema se aposentou em 2011, um ano depois, como relatam os jornalistas na
matéria.
Atualmente, a entidade já tem em mente o alerta sobre o
Mundial no Brasil, no próximo mês, mas ninguém garante que manipulações como
essa não possa ocorrer aqui na América do Sul.