Sexta, 13 de junho de 2014
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Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil
Uma das
maiores estrelas da era de ouro do rádio brasileiro, morreu hoje (13), no Rio,
aos 89 anos, a cantora e atriz Marlene. Ele estava internada desde o último dia
7 no Hospital Casa de Portugal, com quadro de pneumonia severa, e sofreu
falência múltipla dos órgãos, vindo a morrer por volta das 17h15 desta sexta-feira.
De família de origem italiana, a paulistana Victoria
Bonaiutti de Martino, nascida em 1924, ingressou no meio artístico contra a
vontade dos pais em 1940, na Rádio Tupi de São Paulo. Em 1943, mudou-se para o
Rio de Janeiro, onde passou a atuar nos cassinos Icaraí e da Urca. Com o
fechamento dos cassinos, foi trabalhar nas emissoras de rádio da então capital
federal.
Foi na Rádio
Nacional, onde estreou em 1948, no Programa César de Alencar, que Marlene alcançou imenso
sucesso popular e protagonizou uma disputa com a maior estrela da emissora na
época, a cantora Emilinha Borba. O auge da disputa, que mobilizava os
fãs-clubes das duas cantoras, foi a votação da Rainha do Rádio de 1949, vencida
por Marlene de forma espetacular, com o apoio publicitário de uma fábrica de
bebidas.
Eleita Rainha do Rádio, Marlene ganhou um programa
exclusivo na Nacional, Duas Majestades, e uma participação no Programa Manoel Barcelos. A rival
Emilinha, por, sua vez, era a estrela exclusiva do Programa de César de Alencar.
Intérprete de sucessos como Lata d'Água na Cabeça, Zé
Marmita, Sapato de Pobre,
Que nem Jiló e Mora na Filosofia, Marlene ambicionava
mais do que ser a cantora de sambas e marchas populares durante o período
carnavalesco.
Além dos discos em 78 rotações, gravou, a partir de 1956,
mais de 30 LPs, entre eles uma série, em 1968, para o Museu da Imagem e do Som
(MIS), em que revivia a história do carnaval. Um de seus últimos trabalhos foi
o CD e DVD Marlene, a Rainha e os Artistas
do Rádio, gravado no histórico auditório da Rádio Nacional e lançado em 2007.
Com o então marido, o ator Luís Delfino, passou a
contracenar na Nacional
no programa Marlene, meu Bem.
Atuou também no teatro musical, fazendo turnês por todo o país, no teatro
dramático, onde se destacou em 1973 na peça Botequim,
de Gianfrancesco Guarnieri, e no cinema, tendo participado de 11 filmes, entre
1944 e 1982.
A carreira internacional também teve destaque nos anos 50,
com turnês pela América do Sul, pelos Estados Unidos e na França, onde cumpriu
temporada de quatro meses no Teatro Olympia, em Paris, a convite da cantora
Edith Piaf, que a conheceu no Rio.
Por decisão da família, o corpo de Marlene será velado a
partir das 8h de amanhã (14) no Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes,
centro do Rio, onde ela atuou em diversos musicais e shows. Ainda não há local e horário
marcados para o enterro.