Quarta,
11 de junho de 2014
HELIO FERNANDES
Tribuna da Imprensa
Apesar
da “enxurrada” de aplausos para a população que está 100 por cento apoiando a
seleção, isso não passa de fraude e farsa. Esta Copa “em casa” deveria
representar o “circo” para o povo, já que o “pão”, foi preservado da classe
média para cima.
Primeiro
os ingressos, Nossa Senhora, que preços. Qual o trabalhador que pode assistir
nos estádios, um jogo, apenas um? Mesmo que se satisfizesse em ir uma vez a um
estádio construído com o dinheiro roubado do seu esforço, já teria gasto metade
do salário.
Assassinaram
o Maracanã
Era
um símbolo, uma tradição, lenda e legenda do futebol no mundo inteiro. Os
jogadores dos maiores clubes de variados países diziam: “Meu sonho é jogar no
Maracanã”. Frequentei esse estádio, ininterruptamente durante 50 anos, de 1950
a 2000.
Era
o maior e mais imponente estádio do mundo. (Sem falar na roubalheira do
prefeito Mendes de Moraes. Para “variar” era coronel do Exército). Apesar dessa
palavra que usei, imponente, era altamente popular. O carinho do povo era de
tal ordem, que os frequentadores das arquibancadas eram chamados de
“arquibaldos”.
Os
das gerais, “geraldinos”. Hoje não existe mais nada, é tudo propriedade e
localização da elite e uma parte da classe média alta, bem alta.
Mais
de 1 bilhão para deformar o Maracanã
Tão
alto quanto os gastos para destruir e reconstruir o estádio que era a paixão
nacional. No auge do poderio e da importância do Santos de Pelé, eles preferiam
jogar no Maracanã e não na Vila Belmiro.
E o
Millôr e o Ziraldo, (que gostava e gosta) do futebol mas não são assíduos, iam
comigo a todos esses jogos.
A
Copa começa amanhã
O
Brasil entrará no estádio de 800 milhões do Corinthians, abrindo a Copa. Esse
estádio do Corinthians custou, por enquanto, esses 800 milhões. 400 do BNDES
para pagar “em 500 anos”. E outros 400 milhões dados pelo prefeito do PT, como
“incentivo”. Isso não é para pagar, “incentivo é para incentivar”.
Amanhã
esse estádio ficará lotado, todos os seus 68 mil lugares ocupados. Os ricos de São
Paulo, naturalmente mais ricos do que os do Brasil inteiro. Farão uma festa,
junto com a classe média de lá, deliciosamente desperdiçadora.
Todos
de carro com motorista, saltarão na porta do estádio, serão “recambiados” no
mesmo lugar, depois do jogo. Os raros populares irão a pé, Itaquera não tem
metrô, Lula já deu a palavra final.
Lula:
“O povão não gosta de metrô”
O
povão não quer saber de metrô, se acostumou a andar a pé. Ele vai de carro com
Dona Dilma, um para dividir as vaias com o outro. E até de coisa pior,
dependendo do placar e lógico, do que estiver escrito e inscrito nele.
Paulo
Roberto Costa na CPI: desperdício de tempo
Horas
e horas perdidas, não disse nada que os outros não tivessem dito. Repetiu: “Na
época parecia um bom negócio”, ninguém aprofundou a questão.
A
generosa liberdade
Surpreendente
mesmo foi o fato de estar gozando da libertação Zavascki. Se fosse depor preso,
seria um fato inteiramente diferente. O ex-diretor e os interrogadores não
estariam tão tranquilos.
“É a
economia, estúpido”
Precisou
um sociólogo dar o alerta para que todos percebessem que o mundo (e o Brasil
logicamente) é regido e dominado pela economia. A frase é genial, e o melhor
elogio que posso fazer: gostaria que a frase fosse minha.
Mas
sempre tratei do assunto, muitos anos na Tribuna da Imprensa. Cheguei a
escrever sobre a maldição dos economistas oficiais: “São tão prejudiciais, que
80 por cento deles deveriam ser condenados à prisão perpétua e quando
terminassem a pena, fuzilados”.
Como
se vê preservei sempre, pelo menos 20 por cento desses que “apoiam” todos os
governos nos mais diversos países.
Lula
“doutrina” sobre economia
Desesperançado
com o “Volta, Lula”, que ele e seus acólitos, que palavra, consideram
completamente inutilizado, aconselha sobre economia. E critica duramente a
própria Dilma, diz publicamente: “A economia dos quase 4 anos de Dilma, foi
completamente descontrolada e a responsável por tudo o que vem acontecendo de
errado”.
Marcelo
Alencar, prefeito e governador, incrivelmente contraditório
Poderia
ter ido embora, com imagem muito melhor, não fossem os filhos vorazes.
Excelente prefeito, foi o primeiro a abrir ciclovias no Rio. Foi também
prejudicado pelo irmão Maurício, empreiteiro, negocista. Comprou o “Correio da
Manhã”, fiz campanha diária, sempre com o título: “Pra quê empreiteiro quer
jornal?”. Depois, comprou a “Última Hora”.
Marcelo
advogado de presos políticos
Defendeu
alguns, era competente e desinteressado. Em 1966, quando eu era candidato a
deputado e diante das estimativas das pesquisas de que teria mais de 1 milhão
de votos, lancei minha candidatura a governador em 1970 e a presidente em 1975,
fui cassado. Marcelo era candidato a suplente de senador.
Nesse
mesmo 1966, nossa chapa elegeu Mario Martins senador e Marcelo suplente. Mas
logo veio o AI-5 terrível, Mario foi cassado. Esqueceram de Marcelo. Quando ia
tomar posse, lembraram, foi cassado. Era ótimo convívio.
O
AVC e a cadeira de rodas
A
primeira linha de metrô foi aberta por ele, governador, ganhando de Garotinho
em 1994. Como não havia reeleição, Garotinho se elegeu em 1998. (Não quis se
reeleger, foi candidato a presidente, teve 15 milhões de votos. Pelo PSB, hoje
propriedade de Eduardo Campos, que não passa de 7 pontos).
Não
via Marcelo há muito. Há algum tempo, numa noite de autógrafos na Argumento,
ele de cadeira de rodas, ficamos conversando muito tempo. Dois filhos meus
haviam ido embora, se desculpou: “Não pude ir ao velório, só estou saindo
agora”.
Numa
análise geral, Marcelo foi personagem importante e positivo. Não merecia o AVC
e a cadeira de rodas. Tudo é imprevisível, para o bem e para o mal.
PS – Depois de quase 2
anos dirigindo (?) a seleção, Felipão percebeu que os “laterais estão sem
cobertura”. Foi o técnico da Croácia, que examinando vídeos da seleção
brasileira, constatou o fato.
PS2 – Ingenuamente
divulgou a descoberta. Felipão ficou assustado, culpou os jogadores, “vocês
deviam ter verificado o fato e me comunicado”.
PS3 – Felipão é
inconsistente, incongruente, incoerente. Semana passada para os jogadores: “Não
precisam tirar o pé, isto é treino mas é preparação para o jogo”. Quando
Neymar, Marcelo e Hulk se machucaram, reprimiu: “Não precisava exagerar”.
PS4 – Os jornalistas são
totalmente subservientes ao treinador. Elogios diários, nem a menor restrição.
Um comentarista tido e havido como de primeiro time, escreveu e falou na
televisão: “Felipão é mais popular do que os jogadores”.
PS5 – Lógico, está na
estrada há mais de 20 anos, os jogadores começam agora. Vexame de outro
jornalista também considerado destacado: “Qualquer candidato a presidente da
República, gostaria de ter o Felipão na sua chapa, como vice”. Inacreditável.
PS6 – Atendendo a pedidos
para citar o Millôr, o que ele escreveu sobre a seleção de 2006: “É perfeita.
Não bebe, não fuma e não joga”. O resultado confirmou a análise.