Sexta, 6 de
junho de 2014
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Cerca de 150 pessoas se reuniram hoje (6) na Cinelândia,
no centro do Rio, durante o amistoso entre Brasil e Sérvia – última partida da
seleção brasileira antes da Copa do Mundo, para lançar a mobilização social
programada para o megaevento esportivo. O ato foi chamado de ManiFest –
território livre da Fifa, e transmitiu o jogo do Brasil.
O integrante do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio
de Janeiro Gustavo Mehl disse que o fato de vários movimentos sociais
denunciarem problemas relacionados à realização da Copa do Mundo não significa
que os participantes sejam contra o futebol ou a seleção brasileira.
“Tem algumas pessoas, principalmente no discurso oficial
do governos e das grandes empresas que estão se beneficiando com a Copa dizendo
que se manifestar, criticar ou questionar a Copa do Mundo é não gostar do
futebol, ser contra o futebol. Mas na verdade, eu particularmente sou
apaixonado por futebol e isso é uma das razões que me motiva a ir à
manifestação, é justamente contra o projeto de diminuir o futebol a uma
perspectiva de um negócio lucrativo para alguns poucos”, justificou.
De acordo com ele, a ideia não é boicotar a Copa, mas
assistir aos jogos com plena consciência dos significados negativos do evento.
“A Copa não trouxe benefício para a população, mas benefício para alguns grupos
privados. Nesse clima, a gente está passando o jogo aqui para dialogar com a
população que está passando e lembrar que, por mais que a gente possa ver os
jogos e armar os nossos esquemas para ver os jogos, a crítica deve permanecer”.
O grupo marcou para o dia 12, abertura da Copa, a primeira
manifestação com a chamada “Nossa Copa é na Rua”, que envolverá movimentos
sociais, sindicatos, representações, coletivos e grupos de juventude. A
concentração será na Candelária as 10h, com saída ao meio-dia em direção ao
Largo da Lapa. Há previsão de se fazer outros eventos ManiFest para a
transmissão dos jogos, além de atos pontuais durante os jogos da primeira fase
e manifestações nos dias das partidas das oitavas de final, quartas de final e
na final no Estádio do Maracanã.
O comitê também lançou o terceiro Dossiê de Mega
Eventos e Violações de Direitos Humanos. “Ele traz um apanhado de todo o
acúmulo que o Comitê Popular da Copa tem nos últimos anos, das críticas a esses
eventos envolvendo uma série de questões como moradia, com as remoções
forçadas; a mobilidade, que não melhorou como legado para a população; e
esportes, com a falta de incentivo a dois anos das Olimpíadas”, explicou Mehl.
Para ele, as manifestações de junho de 2013 foram
resultado de uma série de insatisfações que a população tinha com relação às
violações de direitos. “Algumas coisas ficam claras, os padrões de violações
não foram interrompidos em nenhum aspecto, o que a gente teve foi um avanço
muito grande na capacidade da sociedade civil das comunidades, das associações
de moradores, dos grupos organizados, de questionar alguns padrões de violações
e de lutar por direitos. Junho de 2013 foi o ápice, em que explodiu em
manifestações de rua toda uma insatisfação, descontentamento, e uma tomada de
consciência do que estava acontecendo”, avaliou.
