Segunda,
14 de julho de 2014
Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil
O Sindicato dos Jornalistas do
Município do Rio de Janeiro divulgou uma nota dizendo que 15 jornalistas que
cobriam as manifestações contra a Copa do Mundo, ontem (13), na Tijuca, zona
norte da cidade do Rio de Janeiro, ficaram feridos. De acordo com o sindicato,
os repórteres foram agredidos por policiais militares que acompanhavam o
protesto ou ficaram feridos por armas não letais desses agentes.
Entre os jornalistas
agredidos, três são estrangeiros. O documentarista canadense Jason O'Hara teve
que ser levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, para tratar de
ferimentos. Além dele, foram agredidos o fotógrafo peruano Boris Mercado (que
chegou a ser detido) e o jornalista italiano Luigi Spera.
O fotógrafo do Portal Terra
Mauro Pimentel foi agredido. A notícia publicada pelo próprio portal, informa
que ele foi atingido quando tentou passar por uma barreira policial para
registrar um princípio de confronto. Três policiais o teriam acertado com
cassetetes no rosto e na perna. Ele chegou a cair no chão e teve a máscara de
gás e a lente de sua máquina quebradas, de acordo com o Terra.
O jornalista do SBT Tiago
Ramos, outro ferido, contou em seu perfil na rede social Facebook que foi para
o hospital depois que um policial o golpeou no braço. “Enquanto eu filmava uma
agressão feita pela polícia, um policial com intuito de evitar que eu
continuasse filmando me golpeou pelas costas, a pancada que era pra pegar na
minha nuca, acabou pegando no braço porque virei pra me defender, estou com
atestado, no qual o médico me proíbe fazer qualquer atividade por três
dias.”
Sindicato diz que 15 jornalistas ficaram feridos em protestos ontem, na Praça Saens Peña, no Rio
Também
precisou de atendimento no Hospital Souza Aguiar o fotógrafo Loldano da Silva,
que recebeu golpes de cassetete no braço esquerdo. Segundo o sindicato, a
fotógrafa Ana Carolina Fernandes, da agência de notícias internacional Reuters,
teve a máscara de gás arrancada por um policial, que, em seguida, jogou spray de pimenta.
A presidenta do Sindicato dos
Jornalistas, Paula Máiran, lamentou as agressões sofridas pelos jornalistas
durante seu exercício profissional. “A gente precisa se organizar e se unir,
não só os jornalistas como toda a sociedade, para cobrar uma mudança desse
modelo de segurança pública que, em nome da ordem, promove uma violência brutal
desse tipo”, disse.
O cerco policial, que durou
três horas, impediu a saída de manifestantes e jornalistas na Praça Saens Peña.
Manifestantes também ficaram feridos no protesto.
Por meio de nota, a Polícia
Militar (PM) informou que “reconhece a importância do trabalho dos jornalistas
como base em um país democrático, no registro e na divulgação de informações” e
que “todas as denúncias e imagens recebidas relativas ao excesso na ação de
policiais militares serão encaminhadas à corregedoria e apuradas”.
A PM disse que garantiu o
direito constitucional à manifestação e teve que fazer o bloqueio na Praça
Saens Peña porque dados da inteligência policial mostravam que os manifestantes
tinham “a intenção de se dirigir à entrada do Maracanã, colocando em risco a
segurança de milhares de torcedores”.