Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O legado da Copa do Mundo: Polícia Militar do RJ realizou diversas detenções arbitrárias nos protestos da final da Copa, sobraram agressões e muita truculência

Segunda, 14 de julho de 2014
Os governantes deixam como legado da Copa (além do desperdício de bilhões de reais) a volta da truculência contra o povo que se manifesta.
 

As polícias foram equipadas agora em época de copa, não para o combate ao crime que domina nossas cidades, tão somente para reprimir atos legítimos de protestos. E repressão com truculência e ao arrepio das leis brasileiras e de acordos internacionais assinados pelo país. E não se vê quase voz contrária a esses atos de truculência. Os partidos e centrais sindicais que ontem lideravam e levavam multidões paras as ruas agora se escondem embaixo da saia da presidente, e se contentam com 'boquinhas' (e boconas) proporcionadas pelos governos. Sequer dão um pio.

É bom lembrar que a volta da cultura do porrete contra manifestantes pode, um dia, se voltar novamente contra essa gente covarde. E aí, talvez, não mais terão a quem liderar.

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Fontes: Mídia Democrática / Tribuna da Imprensa

PM-RJ REALIZOU DIVERSAS DETENÇÕES ARBITRÁRIAS NOS PROTESTOS DA FINAL DA COPA, SOBRARAM AGRESSÕES E MUITA TRUCULÊNCIA



MÍDIA Democrática -
Houve cerco na Saens Peña e em alguns pontos da praça, manifestantes foram mantidos nas ruas sem o direto de sair do local. Foto: Camila Nóbrega/Canal Ibase.
Segundo o Portal Terra, cerca de 300 manifestantes deixaram a Praça Saens Pena com destino ao Estádio do Maracanã por volta das 14h40 (de Brasília) deste domingo. O grupo gritava palavras de ordem contra os 26 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça no sábado contra ativistas e pedia liberdade de manifestação. Eles foram acompanhados por um grande contingente da Polícia Militar. A duas quadras da praça, na rua Conde de Bomfim, foram impedidos de seguir. Quando voltaram, a confusão aumentou e quatro pessoas foram detidas, sendo levadas para a 21ª DP. Além disso, o fotógrafo do Terra, Mauro Pimentel, foi agredido por PMs.

Mais tarde, a polícia cercou a praça. A cada nova tentativa de saída dos manifestantes, houve mais bombas. A cavalaria da PM também foi acionada, e eles chegaram a desembainhar as espadas para dispersar os manifestantes.

Ao menos sete pessoas ficaram feridas durante o protesto. Segundo socorristas voluntários, foi atendido um policial com dedo quebrado, um rapaz que teve um dente quebrado, um manifestante com uma lesão na costela e outro com suspeita de braço quebrado. Um fotógrafo foi ferido na barriga e nas costas com estilhaços de bomba de efeito moral.

Além deles, o fotógrafo peruano Boris Mercado, 25, que foi ao Brasil especialmente para cobrir a Copa, acabou jogado no chão por PMs ao tentar fotografar a polícia agredindo os manifestantes. Ele chegou a ser detido e foi liberado após dizer que era repórter. "É triste ver a polícia reprimir comunicadores, que são observadores, nada mais. Usam a violência como primeira ferramenta", afirmou.

Fotógrafo do Terra ferido


Mauro Pimentel, fotógrafo do Terra, foi agredido por policiais militares quando cobria a manifestação na Praça Saens Pena. Ele tentou passar uma barreira de PMs para registrar um principio de confronto quando três policiais o acertarem com cacetetes no rosto e pernas. Um deles foi indentificado como Portilho. O fotógrafo foi jogado no chão e teve a máscara de gás e a lente quebradas.

Imprensa é agredida

Ao menos outros dez jornalistas que tentaram registrar os casos de violência foram agredidos.


A fotógrafa freelancer Ana Carolina Fernandes, que trabalha para a Reuters, entre outros veículos, caiu no chão na correria. Segundo ela, um PM arrancou a máscara de gás dela e jogou spray de pimenta em seu rosto.

O cinegrafista Jason O'hara foi esmurrado por diversos policiais quando registrava o protesto. Oswaldo Ribeiro Filho, da inglesa Demotix, teve uma bomba de gás jogada contra o rosto.

Felipe Peçanha, da Mídia Ninja, teve a lente quebrada e disse ter sido cercado por oito PMs.

Além deles, Leo Correa, fotógrafo freelancer, e o jornalista italiano Luigi Spera também foram agredidos. Outro fotógrafo freelancer, Samuel Tosta foi atingido por estilhaços de bomba de efeito moral nas costas, enquanto Tiago Ramos, do SBT Rio, no braço.
Nota de repúdio à violência policial que feriu 15 jornalistas e comunicadores neste domingo
Sob a justificativa da garantia da ordem durante a final da Copa do Mundo, neste domingo (13/7), no Maracanã, o Estado brasileiro e o governo estadual do Rio de Janeiro ignoraram direitos individuais e coletivos de brasileiros e visitantes, assim como cassaram a liberdade de expressão e a de imprensa. O aparato militar armado utilizado para reprimir as manifestações que ocorreram ao longo do dia na Tijuca resultou em prisões arbitrárias, ferimentos e no cerceamento do ir e vir de manifestantes e também de pelo menos 15 jornalistas e comunicadores populares. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia com veemência essa violenta política de repressão aos movimentos sociais e aos jornalistas e pede a atenção dos organismos internacionais de Direitos Humanos para que pressionem o governo brasileiro no sentido de restabelecer as condições dignas de um Estado democrático de direito.
Neste tarde, além dos casos de agressões, houve também o cerceamento ao trabalho dos jornalistas e comunicadores em meio à repressão aos atos de protesto realizados na Tijuca. Os profissionais de imprensa foram impedidos de deixar a Praça Saens Peña durante duas horas, junto de cerca de 200 manifestantes. Esse grupo teve de enfrentar, sem possibilidade de refúgio, agressões físicas e o efeito das bombas de gás lacrimogêneo.
Com os novos casos de violência policial contra jornalistas e comunicadores registrados neste domingo, o relatório do Sindicato dos Jornalistas eleva essa triste estatística para 92 profissionais e comunicadores que foram vítimas de agressões e cerceamento desde maio do ano passado. O Sindicato vai encaminhar uma nova versão atualizada desse relatório às autoridades da Justiça e da Segurança Pública nos níveis estadual e municipal, assim como às autoridades e ONGs de direitos humanos nacionais e internacionais.
Abaixo, segue a lista dos jornalistas que foram identificados como agredidos na cobertura dos atos deste 13/7 de protesto contra o desvio de verbas públicas para a Copa e para pedir a liberdade aos presos políticos do Rio de Janeiro. Entre os presos, está a radialista Joseane de Freitas, da Empresa Brasil de Comunicação, presa neste sábado (12/7) em casa, sem qualquer motivo esclarecido, e acusada de formação de quadrilha com mais 16 adultos e dois adolescentes. O Sindicato, por meio de seu advogado Lucas Sada, deu entrada em um pedido de habeas corpus em favor da radialista, mas este foi negado no plantão judiciário deste domingo. O Sindicato também teve negado nesta semana um Mandado de Segurança para garantir o livre ir e vir de jornalistas no entorno do Maracanã, onde a PM realizou barreiras nos dias dos jogos da Copa.
Tais práticas de Estado caracterizam grave ofensa a nossa categoria e prejudicam a sociedade como um todo. Sem o respeito ao direito à informação, não há garantia de liberdade ou de democracia.
SINDICATO DOS JORNALISTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Jornalistas e comunicadores agredidos:
Samuel Tosta – diretor do Sindjor-Rio – freelancer - ferido nas costas por estilhaços de bomba
Gizele Martins – diretora do Sindjor-Rio – editora do jornal Cidadão – crise de asma por inalação de gás lacrimogêneo
Mauro Pimentel – repórter fotográfico do Terra – chutado e golpeado no rosto e nas pernas com cassetete, teve a lente da câmera quebrada e a máscara de gás quebradas
Ana Carolina Fernandes – repórter fotográfica da Agência Reuters – teve a máscara de gás arrancada por um PM que a atacou com spray de gás de pimenta
Boris Mercado – repórter fotográfico peruano – chegou a ser detido e agredido
Jason O’Hara – repórter cinematográfico canadense – internado no Hospital Municipal Souza Aguiar em decorrência dos ferimentos
Oswaldo Ribeiro Filho - jornalista da agência inglesa Demotix - teve uma bomba de gás jogada em seu rosto
Filipe Peçanha – comunicador da Mídia Ninja – vítima de espancamento por oito PMs e a lente da câmera quebrada.
Leo Correa – repórter fotográfico freelancer – vítima de agressões físicas por PMs.
Tiago Ramos – jornalista do SBT Rio – ferido por estilhaços de bomba em um dos braços.
Luigi Spera – Jornalista italiano – vítima de agressões físicas por PMs.
Aloyana Lemos – documentarista – detida com violência por PMs e levada para a 21ª DP (Bonsucesso)
Bernardo Guerreiro – comunicador da Mídia Ninja - teve sua lente quebrada e foi agredido com spray de pimenta no olho a curta distância
Augusto Lima – jornalista do Coletivo Carranca – teve o celular quebrado quando foi agredido a golpes de cassetete.
Loldano da Silva – repórter fotográfico – agredido com dois golpes de cassetete no braço esquerdo, levado para o Souza Aguiar.
 


Mídia Ninja - Repórter da Mídia NINJA Filipe Peçanha foi agredido com chutes e socos por 8 policiais que participavam da operação de repressão à manifestação de hoje. Filipe foi abordado enquanto transmitia ao vivo o ato FIFA GO HOME na Praça Saens Peña.



Durante a tarde a PM e a Tropa de Choque cercaram toda a praça e usaram de bombas, detenções e violência para reprimir a manifestação que chegou a ter 1000 participantes e seguia pela região de forma pacífica. O documentarista canadense Jason O'Hara foi atingido pelos estilhaços da bomba e teve sua câmera quebrada na ação da PM, assim como Bernardo Guerreiro, também da Mídia NINJA e que teve sua lente danificada. 
A Nova Democracia - FLAGRANTE: POLICIAIS ESPANCAM E ROUBAM CÂMERA DE CINEASTA CANADENSE EM PROTESTO NO RIO - 


Imagens de Vladimir Seixas.

As imagens a seguir são um aperitivo da violência gratuita da polícia militar do Rio de Janeiro contra manifestantes que protestavam pacificamente, na praça Saens Pena, zona norte da cidade, na tarde de hoje. O ato reuniu cerca de mil pessoas e unificou inúmeras bandeiras, como "Fifa Go Home" e "A festa nos estádios não vale as lágrimas na favela".

Momentos depois da dispersão do protesto, o cineasta canadense Jason Ohara espancado por PMs que, em seguida, roubaram a câmera GoPro que estava presa ao capacete de Jay. O crime, obviamente, não escapou das lentes de AND e já está sendo amplamente denunciado na imprensa internacional.



Mídia Informal -

Confusão entre brasileiros e argentinos em Copacabana

Após o apito final do jogo que sagrou a Alemanha campeã do Mundo uma confusão entre brasileiros e argentinos acabou em pancadaria na Praia de Copacabana.

O tumulto ocorreu diante de um telão instalado na altura da República do Peru, próximo ao Hotel Astoria. A provocação entre brasileiros e argentinos acabou em uma briga que deixou pessoas feridas no bairro da Zona Sul do Rio.

Ao fim do jogo, um clarão se abriu diante do telão. Cerca de cinquenta brasileiros e argentinos se enfrentaram e atiraram objetos, como garrafas de vidro e cadeiras de praia, uns contra os outros. A polícia dispersou o tumulto utilizando bombas de efeito moral.

Coletivo RionaRua -

A democracia está cercada. O Estado de exceção não é mais uma exceção, virou rotina. O último final de semana da Copa de 2014 ficará marcado para sempre pelo cerco policial de hoje na Tijuca e pelas prisões preventivas de manifestantes, realizadas ontem. 19 deles ainda estão em Bangu, pagando por crimes que não cometeram.

Mas a lista de arbitrariedades vai além. Censura à imprensa, violência extrema, suspensão do direito de ir e vir, violação da privacidade: foram apenas algumas das medidas tomadas para garantir o bom andamento dos negócios da FIFA. Não esqueceremos. Não vai ter mais Copa, mas vai ter mais luta.

Confira a cobertura completa dos atos de ontem:   http://rionarua.org/reportagens/a-democracia-esta-cercada/ 



Coletivo do Cinco - O quarto é último ato "Nossa Copa é na Rua" passou pelas ruas da Tijuca neste domingo. Além da cítica ao legado negativo das obras da Copa, os manifestantes exigiram a imediata libertação dos presos políticos da operação policial do último sábado.



Esta foi a primeira manifestação do dia. A outra, que aconteceu na parte da tarde, terminou com forte repressão policial e um inaceitável cerco de manifestantes, jornalistas, trabalhadores e moradores na praça Saens Peña.



VÍDEO: