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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A criminosa concentração e financeirização da economica na “República dos Banqueiros”. “Factóide politico” com tantas evidências?

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Terça, 12 de agosto de 2014
DANIEL MAZOLA – Da Tribuna da Imprensa
“Como você sempre disse, desde os tempos do colégio Mallet Soares, irrefutavelmente somos a ‘república dos banqueiros’, não há nada assim no mundo”, disse nessa segunda-feira em conversa reservada durante o almoço no centro do Rio de Janeiro, um grande amigo de infância, que atuou muito no movimento estudantil no início dos anos 90, hoje economista requisitado, trabalha para uma conhecida transnacional.

Os dados e números que ele foi colocando iam tirando meu apetite, coisa rara, depois causando indigestão, náusea e tristeza. Ele afirmou que os depósitos no Banco Central deverão proporcionar aos grandes bancos ganhos próximo a R$ 50 bilhões, só neste ano. No Brasil, o BC juntamente com o Tesouro age com a aparente finalidade exclusiva de propiciar fabulosos lucros aos bancos, e o correntista-trabalhador-contribuinte-eleitor, como fica? Não fica.


Muito do que o amigo de boas recordações ia dizendo, fui anotando rapidamente. “O BC “independente” remunera com altas taxas de juros os depósitos livres e os compulsórios, toda a conversa começou aí, falamos sobre a "independência" do BC na "república tupiniquim dos banqueiros"...

Estes são atualmente 44% dos depósitos à vista nos bancos, e 20% dos recursos a prazo e dos investidos em poupança. Os primeiros são remunerados pela taxa SELIC, cuja meta atual é 11% ano”. Sobre os recursos a prazo, disse que a remuneração costuma ser ainda maior.

É importante colocar em perspectiva e lembrar as campanhas recorrentes dos serviçais da “república dos banqueiros”, em favor da independência do Banco Central do Brasil. 

Embora formalmente vinculado à União, o BACEN -  desde sua criação, em dezembro de 1964 – subordina-se por inteiro aos ditames do FMI e à supremacia do dólar, não admitindo, por exemplo,  operações de câmbio entre a moeda brasileira e outras latino-americanas, apesar de existir acordo que as prevê: o Convênio de Créditos Recíprocos, firmado em 1968, em Lima.

Além dos ganhos com os depósitos no BC, os bancos emprestam dinheiro a empresas e a particulares, e, ao fazê-lo, criam depósitos na conta do tomador, o qual passa a sacar dinheiro e a emitir cheques, que voltam ao mesmo banco ou a outro, como depósitos.

A liberdade das nações exige que seus bancos sejam públicos. Se forem privados, os controladores deles acabam por controlar também o Estado. Na “república dos banqueiros” trata-se de um processo cumulativo, no qual a cada vez maior concentração do poder financeiro gera cada vez maior concentração do poder político real nas mãos dos oligarcas da tirania financeira.

Isso, de novo, acarreta maiores concentração e financeirização da economia, e assim sucessivamente. E quem poderá mudar esse jogo excludente, imoral e perverso: Dilma, Aécio, Campos? 100% certo que não. Esses representam a “república dos banqueiros” na gerência administrativa e política do Brasil. 

 “Factoide político” com tantas evidências? 

Vamos lá... Se o Brasil operasse em condições minimamente éticas, o estouro de uma operação policial, como a Lava Jato, fatalmente geraria um processo de impeachment da Presidente da República. Ainda mais por que ela comandou o Conselho de Administração da Petrobras e também porque a atual presidente da empresa, Maria das Graças Foster, é uma indicação pessoal da própria Dilma Rousseff.

Repetir o ex-Lula e alegar que nada sabe sobre tudo de errado que acontece na companhia é um atestado público de incompetência e cinismo. A presidente-candidata Dilma Rousseff só não cai porque o Brasil é a terra da conivência com os erros, os vícios, os desmandos e a corrupção.

Claramente o Sr. Paulo Roberto Costa é o elo mais frágil de uma já rompida corrente que liga e confunde os interesses políticos dos ocupantes do governo com os negócios estratégicos ou operacionais da Petrobras. No entanto, é muita ingenuidade supor que o ex-diretor de abastecimento da empresa, que tinha o controle sobre 1832 contas correntes da petrolífera, seja o “chefão” e único responsável pelas falcatruas.

Uma investigação séria e isenta sobre os contratos da Petrobras com outras empresas nas “Sociedades de Propósito Específico” deverá revelar os figurões de um dos maiores esquemas de corrupção nunca antes visto na história deste País.

Até mesmo o petista Marco Maia, relator da CPMI mista da Petrobras, criada para ser uma mega-pizza, se vê obrigado a pedir a convocação da contadora Meire Bomfim Poza – que trabalhava para o esquema do doleiro Alberto Youssef (aquele que teria dito que, se abrir a boca, impede que haja eleição este ano). Na investigação da Lava Jato, Yousseff é apontado como “sócio” de Paulo Roberto Costa. Em depoimentos ao Ministério Público e à Polícia Federal, Miriam teria revelado (segundo a revista Veja) que a empreiteira Camargo Correa operava um esquema exclusivo de comissões de negócios acertados dentro da Petrobras com Paulo Costa. A empresa, claro, nega.

Assim, torna-se inócua a demagógica e temerária a recente declaração de Dilma Rousseff em defesa de seu governo e da Petrobras: “Se tem uma coisa que tem que se preservar, porque tem que ter sentido de Estado, sentido de nação e sentido de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Não é correto, não mostra qualquer maturidade. Acho fundamental que na eleição, nesse processo que estamos, haja a maior discussão. Agora, utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso”.

Gemini e outras caixas pretas nas SPEs (Sociedades de propósito Específico) da Petrobras?A “gerentona” Dilma tem condições de classificar, como “factoide político” tantas evidências em uma lista enorme de problemas a serem investigados com seriedade e isenção?

O poste que chegou a presidência Dilma Rousseff terá condições, na campanha, na televisão, de falar abertamente sobre: Pasadena, BR Distribuidora, PFICO (braço financeiro internacional da companhia), Fundo BB Millenium 6 (e outros menos votados), refinaria Abreu e Lima (também a mais votada entre outras que merecem investigação por superfaturamento), o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (que corre o risco de ser tudo, menos petroquímico), Gemini e outras caixas pretas nas SPEs (Sociedades de propósito Específico) da Petrobras?