Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Bahia em Pauta: Escritor Antonio Risério denuncia censura política e ideológica no jornal A Tarde e anuncia que deixa de escrever na ”sentinela do conservadorismo baiano”

Segunda, 18 de junho de 2014
Bahia em Pauta publica abaixo o texto do escritor, antropólogo e ensaísta, Antonio Risério, enviado a amigos e amigas, com pedido de divulgação da nota que segue e do artigo não publicado por A Tarde, que em seguida divulgaremos.

(Vitor Hugo Soares)
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JORNAL “A TARDE” E A VOLTA DA CENSURA NA “DEMOCRACIA PETISTA”
 
O jornal baiano A Tarde resolveu nos levar de volta aos dias grotescos da CENSURA. Com uma diferença: se a censura, na época da ditadura militar, tinha caráter político-ideológico (por mais estúpido e cretino que fosse), a onda de censura agora promovida por A Tarde diz respeito unicamente a interesses financeiros da empresa. Primeiro, censuraram a escritora Aninha Franco, que não aceitou a imposição e mandou o jornal à merda. Agora, me censuram. Pelo mesmo motivo – criticar governos do PT – e com a mesma consequência, já que também não aceito a censura e deixo, portanto, de escrever nas páginas da sentinela do conservadorismo baiano, hoje uma empresa em luta desesperada para sair da enrascada financeira em que se meteu.

Sobre a censura a Aninha Franco, com a proibição de texto escrito para sua coluna “Trilhas”, publicada em “Muito”, a revista dominical do jornal, a própria escritora esclareceu o ocorrido. Eis sua nota pública sobre o caso: 
“Segunda, dia 9, como de hábito, enviei o texto da Trilha de 15 de junto, próximo domingo, às editoras da Muito. Pouco depois, recebi um telefonema da jornalista NadiaVladi, sugerindo que eu ‘baixasse o tom’ dos textos, que eu falasse ‘mais de arte e menos de política’, que 2014 é ano de eleições e que o jornal A Tarde optou pela imparcialidade. Como eu não sou um aparelho eletrônico com botões de mais ou menos, ignorei a sugestão.

“Então, a diretora de redação do jornal, a senhora Mariana Carneiro, telefonou para repetir sobre a imparcialidade do jornal A Tarde nas eleições de 2014, e sobre o espaço do jornal não pertencer a mim, Aninha Franco, a ela ou a Nadia Vladi.

“Sei. O espaço do jornal que deveria atender o direito à informação e ao debate de ideias da sociedade, atualmente tende a pertencer à publicidade, sobretudo a Publicidade de Governo, e assim é preciso separar a sociedade dos formadores de opinião, como eu.

“Tudo bem. As Trilhas serão publicadas a partir de agora noutros espaços, neste domingo no Facebook, em tonalidade responsável, como sempre. Formadores de opinião não guardam tons ou imparcialidades.

“Têm opiniões.”

Pois é. Vieram com a mesma conversa pro meu lado. No meu caso, as “instruções” da tal da Mariana Carneiro foram passadas pelo jornalista Jary Cardoso. Me avisavam para não tratar de eleições, candidaturas e programas partidários, durante o período eleitoral. Na verdade, a chefia da empresa jornalística já vinha há tempos incomodada com minhas leituras críticas dos desastrosos governos de Dilma Rousseff e Jaques Wagner, e de falcatruas ideológicas do PT. Agora,sob o falso escudo da “imparcialidade”, tratava-se de impedir a publicação de análises críticas envolvendo o PT e governos petistas (estadual e nacional).

Não tomei conhecimento da “sugestão”. Enviei o artigo “O Pior Governo”, que deveria ser publicado na minha coluna de hoje, sábado, 16 de agosto de 2014. Jary me telefonou, depois de ler o texto, me dizendo que achava que eu não tinha entendido bem as “instruções” da censora-chefe Mariana Carneiro. Respondi que tinha entendido muito bem as tais “instruções”, mas que não iria obedecer. Falar de eleições, governos e partidos, em período eleitoral, é atitude lógica e direito genuíno do cidadão. “Se o jornal quiser publicar o artigo tal como está, tudo bem. Se não, assuma a censura” – disse, encerrando o assunto.

O artigo, é claro, não foi publicado. O PT persiste em seu desempenho prático de controle partidário da mídia, inclusive acionando computadores palacianos para alterar perfis de jornalistas nawikipedia. No plano local, baiano, o jornal A Tarde, como se não fosse feito por jornalistas, baixa o cangote e abana o rabo. Não dá. Tô fora disso. Envio aos amigos e amigas o texto censurado (em anexo), pedindo que o divulguem e a esta nota.
 
Abraços,
Antonio Risério

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Leia na postagem logo abaixo o artigo de Antônio Risério.