Segunda, 18 de junho de 2014
Bahia em Pauta publica abaixo o texto do escritor,
antropólogo e ensaísta, Antonio Risério, enviado a amigos e amigas, com pedido
de divulgação da nota que segue e do artigo não publicado por A Tarde, que em
seguida divulgaremos.
(Vitor Hugo Soares)
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JORNAL “A TARDE” E A VOLTA DA CENSURA NA “DEMOCRACIA PETISTA”
O jornal baiano A Tarde resolveu nos levar de volta aos dias
grotescos da CENSURA. Com uma diferença: se a censura, na época da
ditadura militar, tinha caráter político-ideológico (por mais estúpido e
cretino que fosse), a onda de censura agora promovida por A Tarde diz
respeito unicamente a interesses financeiros da empresa. Primeiro,
censuraram a escritora Aninha Franco, que não aceitou a imposição e
mandou o jornal à merda. Agora, me censuram. Pelo mesmo motivo –
criticar governos do PT – e com a mesma consequência, já que também não
aceito a censura e deixo, portanto, de escrever nas páginas da sentinela
do conservadorismo baiano, hoje uma empresa em luta desesperada para
sair da enrascada financeira em que se meteu.
Sobre a censura a Aninha Franco, com a proibição de texto escrito
para sua coluna “Trilhas”, publicada em “Muito”, a revista dominical do
jornal, a própria escritora esclareceu o ocorrido. Eis sua nota pública
sobre o caso:
“Segunda, dia 9, como de hábito, enviei o texto da Trilha de 15 de
junto, próximo domingo, às editoras da Muito. Pouco depois, recebi um
telefonema da jornalista NadiaVladi, sugerindo que eu ‘baixasse o tom’
dos textos, que eu falasse ‘mais de arte e menos de política’, que 2014 é
ano de eleições e que o jornal A Tarde optou pela imparcialidade. Como
eu não sou um aparelho eletrônico com botões de mais ou menos, ignorei a
sugestão.
“Então, a diretora de redação do jornal, a senhora Mariana Carneiro,
telefonou para repetir sobre a imparcialidade do jornal A Tarde nas
eleições de 2014, e sobre o espaço do jornal não pertencer a mim, Aninha
Franco, a ela ou a Nadia Vladi.
“Sei. O espaço do jornal que deveria atender o direito à informação e
ao debate de ideias da sociedade, atualmente tende a pertencer à
publicidade, sobretudo a Publicidade de Governo, e assim é preciso
separar a sociedade dos formadores de opinião, como eu.
“Tudo bem. As Trilhas serão publicadas a partir de agora
noutros espaços, neste domingo no Facebook, em tonalidade responsável,
como sempre. Formadores de opinião não guardam tons ou imparcialidades.
“Têm opiniões.”
Pois é. Vieram com a mesma conversa pro meu lado. No meu caso, as
“instruções” da tal da Mariana Carneiro foram passadas pelo jornalista
Jary Cardoso. Me avisavam para não tratar de eleições, candidaturas e
programas partidários, durante o período eleitoral. Na verdade, a chefia
da empresa jornalística já vinha há tempos incomodada com minhas
leituras críticas dos desastrosos governos de Dilma Rousseff e Jaques
Wagner, e de falcatruas ideológicas do PT. Agora,sob o falso escudo da
“imparcialidade”, tratava-se de impedir a publicação de análises
críticas envolvendo o PT e governos petistas (estadual e nacional).
Não tomei conhecimento da “sugestão”. Enviei o artigo “O
Pior Governo”, que deveria ser publicado na minha coluna de hoje,
sábado, 16 de agosto de 2014. Jary me telefonou, depois de ler o texto,
me dizendo que achava que eu não tinha entendido bem as “instruções” da
censora-chefe Mariana Carneiro. Respondi que tinha entendido muito bem
as tais “instruções”, mas que não iria obedecer. Falar de eleições,
governos e partidos, em período eleitoral, é atitude lógica e direito
genuíno do cidadão. “Se o jornal quiser publicar o artigo tal como está,
tudo bem. Se não, assuma a censura” – disse, encerrando o assunto.
O artigo, é claro, não foi publicado. O PT persiste em seu
desempenho prático de controle partidário da mídia, inclusive acionando
computadores palacianos para alterar perfis de jornalistas nawikipedia.
No plano local, baiano, o jornal A Tarde, como se não fosse feito por
jornalistas, baixa o cangote e abana o rabo. Não dá. Tô fora disso.
Envio aos amigos e amigas o texto censurado (em anexo), pedindo que o
divulguem e a esta nota.
Abraços,
Antonio Risério
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Leia na postagem logo abaixo o artigo de Antônio Risério.
Antonio Risério
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Leia na postagem logo abaixo o artigo de Antônio Risério.