Quinta, 21 de agosto de 2014
Para quem vai o dinheiro arrecadado em impostos? Como é possível um
país tão rico ter serviços sociais tão precários, tanta pobreza e
desigualdade social? Os sucessivos governos repassam a maior parte do
orçamento para os banqueiros, na forma de Dívida Pública, o maior roubo
da riqueza que produzimos. Outra parte eles destinam para empresários na
forma de subsídios ou isenção fiscal. Segundo a Auditoria Cidadã da
Dívida, o governo repassou, em 2013, para os banqueiros R$ 718 bilhões
para pagar os juros da Dívida Pública. O pagamento dos juros da dívida
consome mais de 40% de tudo que é arrecadado. Mesmo assim, a dívida não
para de crescer.
Só nos governos FHC, Lula e Dilma foram pagos R$ 14 trilhões, mas a
dívida aumentou de R$ 300 bilhões, em 1994, para mais de R$ 4 trilhões,
em 2013. O Brasil poderia ter construído 8 milhões de moradias a um
custo de R$ 100 mil cada unidade, acabando com o déficit habitacional e
ainda sobrariam 13 trilhões e 200 bilhões de reais!
O pagamento da dívida aos bancos impede que tenhamos serviços públicos
de qualidade, que acabemos com a desigualdade social e com a dependência
do país frente aos países imperialistas. Programas sociais limitados,
como o Bolsa Família, significam uma ninharia perto do que o governo
destina aos banqueiros.
Quem paga imposto no país?
No Brasil, nós temos uma política de juros e um sistema de impostos
que tiram dos mais pobres em favor dos mais ricos. No ano passado, 36%
de tudo que o Brasil produziu (PIB) foi apropriado pelo Estado na forma
de impostos. Mas quem efetivamente paga estes impostos e financia o
Estado? Segundo a Receita Federal, de tudo que o Estado arrecada, os
impostos sobre a renda do capital representam apenas 15%. Todo o
restante é pago pela renda do trabalho. Mesmo os 15% que o patrão paga,
saem da riqueza que nós produzimos para ele. Eles, ainda, repassam aos
preços dos produtos impostos que seriam deles, como ICMS, IPI ou ISS.
Pagamos os impostos deles com nosso mísero salário quando compramos
qualquer mercadoria. Já nossos salários são tributados na fonte pelo
Imposto de Renda, em até 27% acima do piso. O discurso dos empresários
de que eles pagam muitos impostos é falso, porque somos nós, os
trabalhadores, que financiamos o Estado. Todas as medidas adotadas
pelos governos FHC, Lula e Dilma só reforçaram esta injustiça, pois
aumentaram a carga tributária sobre os trabalhadores e deram isenções
fiscais para o grande capital.
Juros altos só para os trabalhadores
A grande imprensa procura explicar o endividamento da população pela
falsa idéia do descontrole do orçamento doméstico. Uma explicação até
desrespeitosa com as famílias com rendimentos em torno de dois salários
mínimos. O endividamento da população é fruto dos baixos salários e das
maiores taxas de juros do mundo. Em diversos casos, o financiamento pode
triplicar o valor do produto e não há controle orçamentário que consiga
resolver este roubo oficial. Mas, os juros não são altos para todos. O
governo Dilma, por meio do BNDES, concede taxas de juros de longo prazo
subsidiadas por recursos públicos para o grande capital.
Trabalhadores carregam patrões nas costas
É como se cada trabalhador sustentasse, no mínimo, três patrões ao
mesmo tempo. Primeiro o dono da empresa, um ser que se mostra inútil e
dispensável quando o trabalhador descobre que não precisa dele para
organizar a produção. Segundo, os banqueiros, mais inúteis ainda, que
enriquecem na base da agiotagem, emprestam dinheiro que nem é deles com
altas taxas de juros e são os responsáveis pelo endividamento dos
trabalhadores e do país O terceiro patrão representa um “consórcio de
patrões”, o governo, que recolhe a riqueza produzida por todos os
trabalhadores na forma de impostos e transfere para o 1% mais rico,
através de pagamento da dívida, isenções fiscais, taxas de juros
subsidiadas e corrupção.
Para fazer justiça social é preciso um governo dos trabalhadores que tenha coragem de romper com banqueiros e capitalistas.
Fonte: site PSTU
— Originalmente publicado no Opinião Socialista nº 482