Sábado, 2 de agosto de 2014
A ativista conhecida como Sininho diz que vivemos uma farsa
eleitoral, fala dos seus dias na prisão e diz compreender quem age com
violência nas manifestações
por Helena Borges
Revista IstoÉ
— Edição 2332
Ela diz que sua identidade está sendo destruída para a criação de um líder
Elisa Sanzi, 28 anos, é conhecida como Sininho, apelido
dado por colegas de ativismo que a consideram parecida com a personagem da
história infantil Peter Pan, no aspecto físico e na rebeldia. De vestido,
meia-calça, botas de cano longo e óculos escuros, recebeu ISTOÉ no escritório
de seu advogado, Marino D’Icarahy, no centro do Rio de Janeiro. Antes de
iniciar a entrevista, o advogado avisou que ela não poderia comentar nada sobre
as acusações de dano ao patrimônio, formação de quadrilha e lesão corporal.
"Que democracia é essa que te
obriga a votar, mas, na horade escutar o povo, não escuta? Não vou me obrigar a
votar"
Elisa deixou o presídio há pouco mais de uma semana,
beneficiada por um habeas corpus. Nascida em Porto Alegre, mudou-se para o Rio
ainda criança. É produtora cultural, já foi casada e não tem filhos. “Teve uma
época em que me afastei do movimento, tinha acabado de casar, pensei em
investir na carreira, essas coisas que a sociedade cobra. Mas acabei optando
por investir em meus ideais”, diz.
Você é a
líder das manifestações?
Elisa Sanzi — Não.
É o seguinte: existe um circo midiático que foi formado à minha volta pela
necessidade de uma ação de liderança para o que estava acontecendo no Brasil. E
essa criação de uma nova identidade foi tão grande que está me obrigando a dar
depoimentos e a fazer um papel que eu nunca quis e que não existe. Estou me
colocando em uma posição em que tenho que dar explicação de como comecei, por
que fiz cada coisa. Não é algo que eu queira. A gente repete, repete, repete,
mas acho que as pessoas não entendem. Não, não existe uma liderança. Não sou
líder de nada. Participei ativamente de alguns movimentos, mas isso não
significa ser uma liderança. Tanto que nunca fui muito de falar em assembleia,
só apoio as lutas. É diferente.
Leia na
IstoÉ a íntegra da entrevista de Sininho