Quinta, 21 de agosto de 2014
Flávia
Albuquerque — Repórter da Agência Brasil
O número de inadimplentes atingiu o recorde de 57 milhões de
brasileiros, este ano, de acordo com levantamento da Serasa Experian. O total
de consumidores com dívidas em atraso é maior do que o verificado em agosto de
2013, quando foram registrados 55 milhões. No mesmo mês de 2012, 52 milhões de
pessoas estavam nessa situação. O estudo também mostra que 60% dos
inadimplentes têm contas mensais a pagar que custam acima de 100% de sua renda
mensal. Além disso, 53% dos endividados acumulam até duas dívidas não honradas.
De acordo com os especialistas da Serasa Experian, o aumento
do número de inadimplentes deve-se ao crescente endividamento das famílias e ao
descontrole do consumidor ao assumir novos financiamentos, sem considerar as
contas fixas mensais e outras dívidas já contraídas. Parcelamento de compras
com juros altos, como de imóveis e carros, e as altas taxas cobradas pelo uso
do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito, também comprometem o
orçamento e contribuem para a inadimplência, observa a entidade.
"O patamar da inadimplência poderia ser superior, mas a
evolução da renda e o desemprego baixo estão atenuando o cenário. A atual
situação é preocupante, pois revela que do total da população brasileira com 18
anos ou mais (144 milhões de pessoas), cerca de 40% está inadimplente. Mas não
é alarmante, pois o volume de dívidas da maioria não é alta. A situação, no
entanto, exige acompanhamento com atenção dobrada”, disse o superintendente de
Informações sobre Consumidores da Serasa Experiam, Vander Nagata.
Para ele, a tendência crônica ao descontrole deve ser
combatida com educação financeira, transformando o conhecimento básico sobre
educação financeira em comportamento consciente, evitando a compra por impulso
ou para ostentação. “Esse é o desafio do brasileiro, que hoje gasta mais do que
ganha e não poupa, apesar de ter consciência da importância dessas atitudes”,
ressaltou.
Ele destacou ainda que as empresas precisam se cercar de
ferramentas que reduzam o risco no momento da concessão do crédito. “Ao credor
faltam informações para uma avaliação mais precisa da real capacidade de
pagamento, contemplando o nível de endividamento que o cliente já possui. O
crédito é um poderoso instrumento para o desenvolvimento econômico, mas se for
pago. Se houver calote, é prejudicial”, explicou.
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