Quinta, 12 de fevereiro de 2015
Na
natureza, o mimetismo é um processo através do qual os animais buscam se
camuflar, se adaptar, se confundir com o meio ambiente ou com outras espécies,
de forma a se defender dos predadores, atacar uma presa ou agir de forma
disfarçada para sobreviver. Geralmente evoluem em termos de textura, padrão de
comportamento ou coloração, visando sobreviver ou obter uma vantagem em relação
aos outros animais. Se na natureza, essa tática tem alguma efetividade, na
política e na economia o mimetismo é um fenômeno degenerado que transforma as
organizações políticas e sociais em instrumentos inteiramente diferentes
daquilo que pregavam no início de sua existência, mudam de plumagem, de
programa e objetivos e levam seus militantes e simpatizantes a frustrações,
acomodação, além da derrota moral e política.
Esse
fenômeno serve como uma luva para a trajetória do Partido dos Trabalhadores
(PT) nos últimos 20 anos e, especialmente, desde que assumiu o governo, há 12
anos. Como um camaleão proletário, exerceu seu mimetismo de maneira
impressionante, ao se adaptar de tal forma ao sistema, que passou a ser um dos
seus principais organismos, se não o principal, da ordem que antes dizia
combater. Quando estava apenas nos governos municipais e estaduais as pessoas
pouco se davam conta das transformações mimetistas que estavam se observando no
interior da organização, afinal somente aqueles que viviam no local ou regionalmente
podiam constatar esse fenômeno. Mesmo assim, como não se tratava de uma
transformação de caráter nacional, muitos imaginavam que fosse um fenômeno
específico dessa ou daquela região.
*Edmilson Costa é secretário de Relações Internacionais do PCB