Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
Quando o Fantástico
revelou que a Dilma estava sendo espionada pelos EUA em 2013, houve
todo aquele alvoroço e ela, para simular uma independência da qual o PT
abdicara desde o infame pacto com o capital firmado em 2002 ("deixe-me
fingir que exerço o poder político e eu nada farei que desagrade ao
poder econômico"), foi chorar as pitangas na ONU, o muro de lamentações
ao qual recorrem os impotentes famosos da política.
A delegação dos EUA, em evidente atitude de deboche, não deixou ninguém
de alto escalão para escutar a arenga da Dilma. Mas, tal ridicularia foi
vendida ao povo brasileiro como um digno desagravo. Me engana que eu
gosto.
Há dois meses, The New York Times confirmou que, como era de se esperar, a Dilma continuava na lista dos dirigentes espionáveis.
Desta vez a TV deixou barato e tantos as hostes governistas quanto as
oposicionistas evitaram destacar uma notícia que causaria mal-estar nas
relações entre Brasil e EUA. Umas porque colocam as conveniências
políticas acima de quaisquer princípios; outras porque colocam os
negócios acima de quaisquer princípios.
A dignidade nacional ultrajada não conta, nem nunca contará para essa
gente sórdida. Mas, se dos vassalos do capital nunca esperamos nada além
da amoralidade costumeira, do partido que ajudamos a forjar esperávamos
reação bem diferente.
É melancólico constatar que, para o PT, hoje tanto dá engolir o sapo gigantesco que os EUA lhe estão enfiando goela adentro quanto delegar a gestão econômica a um Chicago Boy depois de passar décadas discursando contra o neoliberalismo.
É melancólico constatar que, para o PT, hoje tanto dá engolir o sapo gigantesco que os EUA lhe estão enfiando goela adentro quanto delegar a gestão econômica a um Chicago Boy depois de passar décadas discursando contra o neoliberalismo.
O grande Plínio de Arruda Sampaio tinha razão: se era para chegar a isso, melhor seria o PT jamais ter conquistado o governo.