Terça, 14 de abril de 2015
André Richter - Repórter da
Agência Brasil
O juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da
Operação Lava Jato, disse hoje (14) que a dimensão dos crimes envolvendo
contratos de publicidade do governo são maiores do que a cogitada inicialmente
pelos investigadores. A conclusão consta na decisão em que Moro justifica
a manutenção da prisão de Ricardo Hoffmann, diretor da agência de publicidade
Borghi/Lowe, para evitar novos crimes.
Moro
diz que durante as buscas e apreensões feitas na casa do ex-deputado André
Vargas, preso na semana passada na décima primeira fase da Lava Jato, a Polícia
Federal (PF) encontrou uma planilha na qual consta que uma das empresas de
Vargas recebeu pagamentos de R$ 3,7 milhões “por parte de duas centenas"
de empresas ligadas ao ramo publicitário.
A
PF suspeita que a agência Borghi/Lowe, que presta serviços ao Ministério da
Saúde e à Caixa Econômica Federal, contratou as agências E-noise, Luis Portela,
Conspiração, Sagaz e Zulu e orientou que pagamentos de bônus de volume
(comissões pela veiculação) fossem feitos às empresas Limiar e LSI, controladas
por André Vargas e seus irmãos. De acordo com o juiz, foram identificados pela
Receita Federal “pagamentos vultosos” sem a comprovação dos serviços.
Na
decisão proferida hoje, Moro diz que, em depoimento à PF, Hoffmann confirmou
que houve uma determinação para que os pagamentos de bônus de volume fossem
feitos em troca da indicação de clientes privados”.
"Esses
créditos foram cedidos a LSI e Limiar [empresas de Vargas], tendo como
contrapartida a perspectiva de se conseguir clientes privados no estado do
Paraná; que essa foi a promessa dada pelo ex-deputado André Vargas; que essa
perspectiva não foi atendida, não conseguindo o ex-deputado angariar cliente
algum para a Borghi/ Lowe; que a decisão de ceder os créditos dos fornecedores
às empresas LSI e Limiar foi de José Borghi, presidente de Borghi/Lowe”,
Hoffmann.
Segundo
Moro, a confirmação dos pagamentos revela, a princípio, que o dinheiro era
oriundo da Administração Pública". A falta, em princípio, de consistência
do depoimento reforça o quadro probatório no sentido de que os valores pagos
pela Borghi/Lowe, por intermédio dos prestadores de serviço, a André Vargas,
consistiram em propina paga pela agência de publicidade a André Vargas por
contratos com a Administração Pública Federal”.
O
juiz mandou soltar hoje Ivan Vernon, ex-assessor do PP, Elia Santos da Hora,
ex-secretária de Luiz Argôlo, e Leon Vargas, irmão de André Vargas. Todos foram
presos na semana passada pela Polícia Federal.