Quarta, 15 de abril de 2015
Da Tribuna
da Imprensa
Por Bia
Barbosa - Via Intervozes -
Ativistas
foram detidos ao tentar fazer um protesto silencioso na sessão solene que
homenageou os 50 anos da Globo na Câmara dos Deputados.
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
cumprimenta João Roberto Marinho durante sessão em homenagem à Globo.
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Nesta terça-feira (14), a Câmara dos
Deputados realizou sessão solene para homenagear os 50 anos da Rede Globo de
Televisão. No plenário da Casa, ilustres autoridades, como o embaixador do
Reino Unido e a representação da Unesco no Brasil. Os artistas Glória Menezes,
Juca de Oliveira e Milton Gonçalves, que se definiu como um dos “fundadores” da
emissora, também marcaram presença. O espaço, no entanto, ao contrário do que
sempre ocorre em sessões solenes, foi fechado para os não-convidados.
Estudantes de jornalismo que tentaram acompanhar a atividade foram retirados do
plenário por seguranças, porque não tinham convite. As galerias, como começa a
virar praxe na gestão Eduardo Cunha, também foram fechadas.
Ao longo de mais de uma hora,
lideranças partidárias se revezaram para elogiar o grupo de comunicação, seu
padrão de qualidade e sua contribuição “para a construção da história e da
democracia brasileira”.
“Celebramos os 50 anos da Globo para
prestigiar a maior emissora do Brasil, que sempre valorizou toda a nossa
diversidade cultural”, disse o presidente da Câmara, destacando a “extensa
pluralidade” que encontramos na sua programação, que leva “talento, informação
e, principalmente, isenção à casa dos brasileiros”. “O comportamento histórico
da Rede Globo pode nos ajudar a manter a democracia no Brasil”, acredita Cunha,
cuja esposa é ex-apresentadora da empresa homenageada.
O deputado Luiz Carlos Hauly
(PSDB/PR), um dos proponentes da sessão, lembrou o Globo Rural “e seu papel de
divulgação da agricultura pujante do nosso Brasil”. Rômulo Gouveia (PSD/PB),
outro proponente da homenagem, lembrou o “importante papel social da Globo na
área da educação”, dizendo que teve a ideia da sessão solene para “imortalizar
os 50 anos da emissora que tem um valor muito grande para o povo brasileiro”.
Hildo Rocha (PMDB/MA) fez questão de contar as histórias de quando trabalhou na
afiliada da Rede Globo em seu estado, e conseguiu levar o sinal da emissora
para todo o interior do Maranhão, saindo de lá como diretor do canal. “Devemos
à Globo protestos de respeito e admiração pela valorização da arte e da cultura
do Brasil, pela ampla difusão das notícias, pelo aperfeiçoamento das
instituições democráticas, pela formação da opinião pública e pela contribuição
para a ordem democrática no Brasil”, declarou.
O jornalismo da Rede Globo foi
especialmente lembrado por Sergio Zveiter (PSD/RJ), por sua “ética,
independência, imparcialidade, isenção, correção e agilidade”. Miro Teixeira
(PROS/RJ) agradeceu ao departamento jurídico da Globo por contribuir nos
embates sobre liberdade de expressão travados em julgamentos do Supremo
Tribunal Federal. O líder do DEM, Mendonça Filho, assumiu o compromisso público
de combater, na Câmara, qualquer tentativa de se limitar a imprensa livre e a liberdade
de expressão no país. “Esta é a Casa da democracia”, garantiu.
Mas parece que a liberdade de
expressão na Câmara só vale para quem concorda com os deputados. Durante a fala
de Heráclito Fortes (PSB/PI), três militantes, entre eles Pedro Vilela, do
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), tentaram abrir uma
faixa com os dizeres “A verdade é dura: a Globo apoiou a ditadura” e foram
imediatamente detidos pelos seguranças da Polícia Legislativa. A faixa sequer
pode ser aberta. Ao serem retirados à força, protestaram: “cadê a liberdade de
expressão, Mendonça Filho?”. Na sequência da expulsão dos ativistas, os
deputados manifestaram toda a sua solidariedade à emissora.
João Roberto Marinho, presidente do
Conselho Editorial da Globo, reagiu dizendo que sabe que a Globo não agrada
sempre. “O que vimos aqui não poderia ser diferente. Toda democracia é
barulhenta (…) A TV Globo não quer fazer barulho, mas é obrigada a exibi-lo. E
temos consciência que ora desagradamos uns, ora outros. Mas não defendemos
partidos, religiões, comportamentos. Defendemos a democracia, a república, o
império da lei e do voto”.
Ao final da sessão solene,
entrevistei o presidente da Câmara sobre a expulsão dos manifestantes do
plenário:
Eduardo Cunha: Os protestos tem que ser feitos dentro da ordem. Eles estavam
interrompendo um orador.
Mas eles foram retirados a força antes de dizerem qualquer coisa. Era pra
ser um protesto silencioso. Foram detidos no momento em que tiraram a faixa da
mochila.
Eduardo Cunha: Faixa tem que ser na galeria.
Mas o senhor fechou as galerias, deputado.
Mas o senhor fechou as galerias, deputado.
Eduardo Cunha: Foram distribuídas senhas e convites para esta sessão.
Então era só pra convidados? Não havia possibilidade de um protesto silencioso?
Então era só pra convidados? Não havia possibilidade de um protesto silencioso?
Eduardo Cunha: Não foi silencioso. Eu vi bem lá de cima quando eles começaram a
gritar.
Mas isso foi quando eles foram retirados à força. Eduardo Cunha: Eles
já estavam interrompendo o orador antes.
Vamos dormir com um barulho desses?
Protestos em diversas capitais estão
sendo organizados para o dia 26 de abril, data oficial do aniversário da TV
Globo. Que a liberdade de expressão seja um direito de todos em todas.
Inclusive dentro da Câmara dos Deputados.
Atos fora Globo: 50 anos de mentira
São Paulo:
Belo Horizonte:
Brasília:
Curitiba - Semana de Descomemoração
de Aniversário da Globo:
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