Segunda, 14 de março de 2016
              Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
          
A juíza Maria Priscilla Veiga de Oliveira, da 4ª 
Vara Criminal de São Paulo, encaminhou à 13ª Vara Federal de Curitiba 
(PR) o processo que apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 
cometeu crime de lavagem de dinheiro. Na semana passada, o Ministério 
Público de São Paulo ofereceu denúncia e pediu a prisão preventiva de 
Lula sob a acusação de que o ex-presidente é o proprietário oculto de um
 apartamento tríplex no Guarujá, litoral paulista.
Na decisão, 
Maria Priscilla justifica que os possíveis delitos relacionados ao 
imóvel estão sob apuração da Operação Lava Jato e devem ser investigados
 dentro do contexto do esquema nos inquéritos abertos na esfera federal.
 Com isso, o processo passará a integrar o conjunto sob responsabilidade
 do juiz federal Sérgio Moro.
“O pretendido nestes autos, no que 
tange às acusações de prática de delitos chamados de 'lavagem de 
dinheiro' é trazer para o âmbito estadual algo que já é objeto de 
apuração e processamento pelo  Juízo Federal da 13ª Vara Federal de 
Curitiba/PR e pelo MPF [Ministério Público Federal], pelo que é inegável
 a conexão, com interesse probatório entre ambas as demandas, havendo 
vínculo dos delitos por sua estreita relação”, diz a decisão. A 
magistrada também retirou o sigilo do processo.
A denúncia
Os
 promotores do Ministério Público de São Paulo (MP) Cássio Conserino, 
José Carlos Blat e Fernando Henrique Moraes de Araújo disseram ter 
colhido duas dezenas de depoimentos que comprovariam que o apartamento 
era “destinado” ao ex-presidente e sua família. O MP acusa  Lula de 
lavagem de dinheiro – na modalidade ocultação de patrimônio – e 
falsidade ideológica.
“Aproximadamente duas dezenas de pessoas 
nos relataram que, efetivamente, aquele tríplex do Guarujá era destinado
 ao ex-presidente Lula e sua família. Dentre essas pessoas figuravam 
funcionários do prédio, o zelador do prédio, a porteira do prédio, 
moradores do prédio, funcionário da OAS, ex-funcionário da OAS, e o 
proprietário da empresa que fez a reforma naquele imóvel e, pelos 
relatos, fez uma reunião para apresentar parte da reforma efetuada, com a
 presença da ex-primeira dama e de seu filho, além do senhor Léo 
Pinheiro”, disse o promotor Cassio Roberto Conserino ao apresentar a 
denúncia à imprensa.
Além de Lula, foram denunciados por lavagem 
de dinheiro e falsidade ideológica, sua esposa, Marisa Letícia, por 
participação em lavagem de dinheiro; e seu filho, Fábio Luiz Lula da 
Silva, por participação em lavagem de dinheiro.
Na ocasião,  o 
Instituto Lula voltou a negar que o ex-presidente seja dono do 
apartamento tríplex, alvo das investigações, e diz que o procurador 
Cássio Conserino usa a investigação para fins políticos. “Cássio 
Conserino, que não é o promotor natural deste caso, possui documentos 
que provam que o ex-presidente Lula não é proprietário nem de tríplex no
 Guarujá, nem de sítio em Atibaia, e tampouco cometeu qualquer 
ilegalidade. Mesmo assim, solicita medida cautelar contra o 
ex-presidente em mais uma triste tentativa de usar seu cargo para fins 
políticos."
"Tais documentos foram encaminhados ao promotor. Já 
era previsível, no entanto, que Conserino encaminhasse a denúncia, já 
que declarou à revista Veja que considerava o ex-presidente 
culpado antes mesmo de ouvir a defesa de Lula", acrescentou o instituto.
 "O ex-presidente Lula já desmentiu essa acusação mais de uma vez, 
frente às autoridades e em discursos. O ex-presidente Lula não é 
proprietário nem de tríplex no Guarujá, nem de sítio em Atibaia, e não 
cometeu nenhuma ilegalidade. Ele apresentou sua defesa em documentos que
 provam isso às autoridades competentes."
======
