Sábado, 29 de abril de 2017
Sandra é suspeita de corrupção, falsidade e uso de documento falso
Por ANA VIRIATO-Correio Braziliense/Daniel Alves/CB/D.A Press
Blog do Sombra
Em depoimento, funcionária confirmou que comissionados do gabinete da
deputada distrital eram obrigados a dar dinheiro à parlamentar.
Promotores de Justiça falam em intimidação de testemunhas.
À procura das peças que formam o quebra-cabeças das denúncias
contrárias à distrital Sandra Faraj (SD), os promotores responsáveis
pela Operação Heméra, deflagrada na última quinta-feira, ouviram os três
funcionários comissionados com os maiores salários do gabinete da
parlamentar — os vencimentos chegam a R$ 17.924,51. Suspeitos de
integrarem o suposto esquema de cobrança de um terço dos ganhos de
profissionais nomeados pela deputada em três órgãos da administração,
Harisson Nepomuceno da Costa, Kátia Siqueira de Miranda e Augusto César
Alves Bravo, foram alvos de conduções coercitivas e mandados de busca e
apreensão autorizada pela Justiça.
Chefe de gabinete de Faraj, Kátia Siqueira confirmou, em depoimento, a
existência de pagamentos de servidores à deputada, segundo testemunhas
da Operação. A comissionada ainda alegou ter levado documentos para a
casa, a pedido da distrital. Na residência dela, os promotores
apreenderam diversos papéis. Kátia é funcionária de Sandra Faraj há
longa data. Em 2013, por exemplo, quando a parlamentar assumiu a
Administração do Lago Norte, a nomeou chefe da Assessoria da gestão.
Ainda de acordo com testemunhas ouvidas pelo Correio, o Ministério
Público do DF e Territórios (MPDFT) encontrou indícios de que Harrisson
Nepumoceno apagou mensagens trocadas com a distrital pelo celular. Os
promotores encaminharam o aparelho para perícia. O comissionado também
ocupou cargos na Administração do Lago Norte quando Faraj era a chefe.
Por mais de um ano, o profissional ocupou o posto de gerente da Gerência
de Serviços Públicos da gestão.
Reunião suspeita
Advogado de Sandra Faraj, Cleber Lopes afirmou haver um documento com
77 assinaturas de profissionais da Secretaria de Justiça, da Câmara
Legislativa e da Administração de Taguatinga que negam a acusação. “O
fato de esse elevado número de pessoas ter se voluntariado para realizar
declarações escritas e a se propor a depor é uma prova de que a
denúncia é infundada”, argumentou.
No cumprimento dos mandados de busca e apreensão, promotores teriam
encontrado, ainda, documentos que fortificam a tese da ocorrência de um
encontro, conduzido por Sandra e o irmão Fadi Faraj, no Colégio do Sol,
no Lago Norte. A suspeita do MPDFT é de que, no encontro, os dois
ameaçaram envolvidos nas investigações preliminares. Eles teriam
divulgado vídeos e dito que “destruiriam as testemunhas”.
Sandra Faraj é investigada pela suposta prática de crimes de corrupção,
falsidade ideológica e uso de documento falso. As penas referentes aos
delitos podem render até 20 anos de prisão e a perda do cargo público.
Em nota, a assessoria de comunicação da parlamentar informou que “ainda
apura os fatos relacionados às diligências”. Refutou as acusações e
argumentou estar “contribuindo com esclarecimentos e informações”.
A parlamentar ainda enfrenta, na Câmara Legislativa, um processo por
quebra de decoro parlamentar. Fruto da denúncia do empresário Filipe
Nogueira Coimbra. O sócio da Netpub a acusa de embolsar R$ 150 mil em
verba indenizatória, que deveria ser repassado à empresa pela prestação
de serviços de publicidade e informática. Segundo o empresário, além do
desvio, Faraj teria fraudado, com carimbo e assinaturas falsos, a nota
fiscal que atesta pagamentos.