Terça, 25 de abril de 2017
Paulo Victor Chagas - da Agência Brasil 
          
  
  
            
    
    frente ao Congresso Nacional
Após protesto em frente ao Congresso Nacional que terminou em confronto com a polícia
 nesta terça-feira (25), indígenas que estão em Brasília contra o 
retrocesso de direitos terão um encontro amanhã (26) com o presidente do
 Senado, Eunício Oliveira, para apresentar suas reivindicações. O 
assunto também será tema de audiência pública na Comissão de Direitos 
Humanos do Senado nesta quarta-feira.
O ato da tarde de hoje, que
 reuniu 4 mil pessoas, segundo a organização, e 2 mil, pelos cálculos da
 Polícia Militar, começou pacífico, mas teve um momento de confusão na 
chegada ao Congresso quando os indígenas tentaram entrar no prédio e 
foram impedidos pela polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo. A 
manifestação faz parte do Acampamento Terra Livre, que traz anualmente à
 capital federal representantes de etnias de todos os estados 
brasileiros.
De acordo com a coordenadora executiva da 
Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (Apib), Sônia Guajajara, uma 
das demandas históricas dos indígenas é a crítica à proposta de emenda à
 Constituição (PEC) 2015/2000, que transfere do Executivo para o 
Congresso Nacional o poder de demarcar terras indígenas.
“A 
bandeira maior é a garantia do direito territorial. A Funai [Fundação 
Nacional do Índio], órgão de responsabilidade do Ministério da Justiça, 
também está sendo enfraquecida. Além disso, a gente tem um exemplo do 
que são as consequências do garimpo. O Congresso Nacional quer a 
qualquer custo regularizar a mineração, entregando esses territórios na 
mão das empresas mineradoras. Então, estamos aqui também para nos 
colocarmos contra o Projeto de Lei 1610 [de 1996] que trata da 
exploração mineral em terras indígenas.”
As lideranças também se 
opõem ao enfraquecimento de outros órgãos de política indigenista, como a
 Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, e apelam 
por melhorias na educação escolar.
A marcha
 
No
 início da tarde, os milhares de índios iniciaram a marcha, guiados por 
um carro de som, entoando gritos de guerra e levando faixas com as 
principais reivindicações. Uma das lideranças explicava que o ato 
serviria para demonstrar “indignação ao Congresso que não respeita os 
direitos dos povos indígenas”. Em crítica à bancada ruralista, um grupo 
deixou cerca de 200 caixões pretos no espelho d'água em frente ao 
Congresso para simbolizar o “genocídio dos povos indígenas”.
Quando
 os manifestantes tentaram se aproximar de uma das entradas do 
Congresso, a Polícia Legislativa, com apoio da Polícia Militar, 
dispersou o grupo com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de 
borracha. Os indígenas voltaram ao gramado do Congresso e chegaram a 
fechar as pistas nos dois sentidos da Esplanada dos Ministérios. De 
acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, os 
índios não cumpriram o acordo que haviam feito de não ocuparem uma das 
vias e “ameaçaram invadir o Congresso”. Por esse motivo, foram 
utilizados gás e bombas de efeito moral.
Após a confusão, a 
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi ao local conversar com os indígenas
 e cobrou na tribuna do Senado o agendamento da reunião entre as 
lideranças do movimento e parlamentares. “Espero que os índios possam 
ser recebidos aqui, porque não é possível um Congresso que tem medo do 
povo. Se o povo entra com violência aqui, é porque alguma coisa está 
errada, presidente, alguma coisa está errada. Quando os direitos sociais
 são mediados pela polícia, é isso que dá”, disse, em discurso.
Nos
 próximos dias, a mobilização Abril Indígena vai promover plenárias, 
grupos temáticos e debates sobre territórios, saúde e legislação 
indigenista. Os índios também estão planejando uma nova ida à Esplanada 
dos Ministérios na quinta-feira (27) para audiências em que vão 
protocolar o documento final do Acampamento Terra Livre.
 
 
 
