Sexta, 28 de abril de 2017
O limite foi proposto pela subprocuradora-geral da 
República Raquel Dodge, conselheira do CSMPF, a pedido da 
Procuradoria-Regional do Distrito Federal.
Fontes:  
Por Pedro Canário-Conjur/Gil Ferreira/ Agência CN/Reprodução/
Blog do Sombra
 A cúpula do Ministério Público Federal quer evitar que as convocações 
de procuradores ao gabinete do procurador-geral afetem suas regiões de 
origem. Por isso o Conselho Superior do MPF está perto de aprovar uma 
resolução que limita em 10% o número de procuradores que cada ofício 
pode ceder para exercer outras atividades.
 PR-DF enviou proposta de limitação de desonerações à conselheira Raquel Dodge.
 O limite foi proposto pela subprocuradora-geral da República Raquel 
Dodge, conselheira do CSMPF, a pedido da Procuradoria-Regional do 
Distrito Federal. A PR-DF foi a mais atingida pela gestão do atual PGR, 
Rodrigo Janot: 30% de seus procuradores estão fora de suas atividades 
normais para trabalhar como assessores da procuradoria-geral, seja no 
gabinete de Janot, seja nas câmaras de coordenação e grupos de trabalho.
 A proposta foi distribuída ao subprocurador Carlos Frederico Santos, 
cuja redação já teve oito votos. Ele manteve a maioria da proposta de 
Raquel Dodge, com apenas algumas mudanças de redação. O relator também 
adotou uma proposta de regra de transição, de autoria da conselheira 
Maria Hilda Marsiaj Pinto.
 Pela ideia da subprocuradora Maria Hilda, a nova resolução não vai se 
aplicar às forças-tarefa já existentes. E no caso de ofícios que tiverem
 cedido mais de 10% de seus procuradores, terão até janeiro de 2018 para
 atender às novas exigências.
 Carlos Frederico Santos adotou proposta de regra de transição para novos limites.
 “É preciso entender que o Ministério Público não se resume a uma 
investigação, e nem somente a investigações criminais. Por exemplo: o 
Brasil é carente de políticas públicas. O MPF é responsável por isso 
também”, explica Carlos Frederico.
 Sem gente
 A regra de transição foi proposta no plenário do CSMPF depois que Janot
 reclamou da resolução. Ele é contra a limitação de 10%, que o obrigaria
 a reorganizar o gabinete e fazer novas convocações para os grupos de 
trabalho. Na sessão em que a resolução foi posta em discussão, Janot 
pediu para que todos prestassem atenção nos efeitos que os limites 
teriam sobre a operação “lava jato”.
 No entanto, no seu anteprojeto, a conselheira Raquel Dodge explica que o
 texto foi escrito para atender a problemas verificados pela própria 
PR-DF. A procuradoria reclama do fato de 7 de seus 30 procuradores 
estarem cedidos à PGR, o que “prejudica o normal funcionamento da 
unidade”.
 O problema foi verificado inclusive pela Corregedoria Nacional do 
Ministério Público. Numa inspeção, o CNMP anotou que a principal 
dificuldade de funcionamento da PR-DF é “a quantidade de 
afastamentos/requisições de membros para exercerem atividades em outros 
órgãos”.
 A inspeção aconteceu em abril de 2016, mas em outubro de 2015 a própria
 Procuradoria do DF já tinha relatado a questão, ao próprio CNMP. “Estes
 efeitos indesejados e inesperados acabam por desfigurar a distribuição 
da força de trabalho no MPF”, relata, Raquel Dodge. “O fato é que a 
situação descrita no anteprojeto de resolução é compartilhada por outras
 unidades do MPF que igualmente têm contribuído com seus membros para 
designações temporárias para exercício em outras localidades.”
 Espantalho
 Quando começou a se opor à resolução, Janot falou na “lava jato”, 
embora nenhum dos conselheiros tenha citado a operação em suas 
manifestações. De acordo com o procurador-geral, o objetivo da limitação
 de convocação de procuradores é prejudicar a autodenominada 
força-tarefa da operação, já que seus membros são os únicos que conhecem
 a fundo as complexidades da investigação.
 Contra proposta de limitar desoneração de procuradores, Janot diz que resolução é estratégia para atingir "lava jato".
 Hoje, segundo a PGR, há 41 procuradores da República convocados, dez 
deles na “lava jato”. Por isso a resolução atrapalharia as 
investigações, conforme Janot vem dizendo. Ele fez sua fala reverberar, a
 ponto de diversos veículos de comunicação noticiarem a resolução como 
mudança “que pode afetar a ‘lava jato’”.
 O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, em editorial publicado na 
terça-feira (25/4), disse que a resolução “não deixa margem a dúvidas 
quanto às verdadeiras intenções de sua autora”, de obrigar o 
procurador-geral a mudar sua equipe “no momento em que a ‘lava jato’ se 
encontra numa de suas fases mais importantes”.
 A fala não tem apoio da instituição. “O grupo de trabalho que assessora
 a PGR na ‘lava jato’ já teve seus componentes trocados diversas vezes, a
 ponto de apenas dois de seus integrantes estarem no colegiado desde o 
início das investigações”, disse, em nota o presidente da Associação 
Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho 
Cavalcanti. “Não há ninguém insubstituível”, completou, em entrevista ao
 jornal O Globo.
 De acordo com a nota da ANPR, a criação das assessorias da PGR, das 
secretarias de trabalho e das câmaras de coordenação, criadas na gestão 
de Janot, foi um “avanço reconhecido por toda a categoria”. “Contudo, a 
criação das assessorias provocou um problema colateral de pressão em 
algumas unidades do MPF, que se encontram sobrecarregadas.”
 Pedro Canário é editor da revista Consultor Jurídico.

 
 
 
