Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 29 de abril de 2017

Sangue, suor, lágrimas e o triunfo da greve geral [vídeos]

Sábado, 29 de abril de 2017
Da Tribuna da Imprensa
Daniel Mazola
 
Nada pode ser tão estúpido quanto ver trabalhadores a serviço das elites golpistas atacando violentamente outros irmãos da classe trabalhadora. E ainda somos obrigados a ver a "recatada" esposa de Sérgio Cabral tranquila em casa, Eike Batista, agora solto, gozando as gargalhadas e usufruindo de tudo que pilhou do Brasil, mas para os vermes da mídia golpista e seus patrões, o povo que está nas ruas não passa de baderneiros, vândalos, vagabundos, arruaceiros ou bandidos! Temos certamente a imprensa mais reacionária do mundo.
Ainda não consigo descrever bem o sentimento de hoje, mas tenho certeza que a GREVE GERAL foi um retumbante sucesso em todo o país. Aqui no Rio de Janeiro, a TRIBUNA DA IMPRENSA Sindical esteve presente acompanho todos os fatos. Até mesmo a grande imprensa internacional, todos direitistas, são unânimes em dizer que a mobilização de ontem, foi demonstração de força da classe trabalhadora e sucesso total.

A covardia desmedida das forças de segurança começou como tem sido costume, na ALERJ. Desde muito jovem me envolvi em movimentações políticas. Comecei ainda na década de 80 e de lá pra cá, muitos atos, manifestações, passeatas... O que vimos de violência e truculência hoje no centro do Rio é algo indescritível.

O repórter Roger Mcnaught partiu para a ALERJ (confira a matéria) onde havia um grupo desde cedo, eu e Iluska Lopes fomos para a Cinelândia acompanhar e cobrir os acontecimentos por lá. Havia uma multidão que só seria possível dimensionar do alto dos prédios, mas certamente eram centenas de milhares, todos cumprindo o dever cívico e revolucionário de romper com as políticas neoliberais do nefasto usurpador Temer.

José Trajano e Daniel Mazola / Fotos: Iluska Lopes
Em 2013 e 2014 nossa equipe cobriu diversas passeatas, mas a de ontem foi das piores e mais covardes. Por volta das 17h30 estávamos conversando com o jornalista José Trajano (foto acima), assim que nos despedimos dele começou o escracho, a truculência e covardia sem limites. Pareciam capitães do mato caçando escravos, a PMERJ não permitiu mais que ninguém se manifestasse, foram dezenas ou centenas de bombas vindas de todos os lados para dispersar a multidão (crianças, mulheres, senhoras, idosos, cadeirantes, estudantes, sindicalistas, brasileiros de todos os matizes). As bombas explodiram nas Avenidas Primeiro de Março e Rio Branco, Candelária, Carioca, Cinelândia, Lapa, Glória, Bairro de Fátima, Praça Tiradentes, até onde vimos e sabemos...

Quebrar vidraças de bancos e incendiar ônibus é apenas reflexo, revolta pelo fim dos direitos trabalhistas e da aposentadoria básica, isso para falar o mínimo. Antes de percebermos que não haveria alternativa a não ser correr, gravei dois vídeos, observe como os cidadãos correm passando mal, cobrindo olhos e boca em função das bombas de gás. Da Cinelândia, precisamos seguir até o Largo do Machado, o Metrô fechou as portas. No caminho fui conversando com manifestantes e conhecidos que encontrava, todos chocados com nossa "democracia", querendo apenas se manifestar sem saber como. Uma das frases que não saem da cabeça foi essa: "Se a polícia, no Centro da cidade, fez o que fez, observada o tempo inteiro por milhares de pessoas com celulares em punho, imagina o que não deve ser feito nos morros e favelas do Rio de Janeiro".

Raysa Lima, Iluska Lopes e membros da Auditoria Cidadã da DívidaFoto: Mazola
 
É fundamental continuarmos pressionando nas ruas, sindicatos, movimentos sociais, estudantes, aposentados, todos, temos que agendar nova manifestação já! Na batalha vamos garantir que não se rasgue os direitos conquistados com muito sofrimento, suor e lágrimas. As contrarreformas perversas do desgoverno Temer, dos barões da mídia, banqueiros, grandes latifundiários e multinacionais serão derrotadas nas ruas através da pressão popular, com violência, ou não.

Outros dias virão, amanhã vai ser maior, sigamos sem temor, até a vitória final!