Da Tribuna da Imprensa
Daniel Mazola
Nada pode ser tão
estúpido quanto ver trabalhadores a serviço das elites golpistas atacando violentamente outros irmãos da classe
trabalhadora. E ainda
somos obrigados a ver a "recatada"
esposa de Sérgio Cabral tranquila em casa, Eike Batista, agora solto,
gozando
as gargalhadas e usufruindo de tudo que pilhou do Brasil, mas para os
vermes da mídia golpista e seus patrões, o povo que está nas ruas não
passa de
baderneiros, vândalos, vagabundos, arruaceiros ou bandidos! Temos
certamente a
imprensa mais reacionária do mundo.
Ainda não consigo
descrever bem o sentimento de hoje, mas tenho certeza que a GREVE GERAL foi um
retumbante sucesso em todo o país. Aqui no Rio de Janeiro, a TRIBUNA DA
IMPRENSA Sindical esteve presente acompanho todos os fatos. Até mesmo a grande
imprensa internacional, todos direitistas, são unânimes em dizer que a
mobilização de ontem, foi demonstração de força da classe trabalhadora e
sucesso total.
A covardia
desmedida das forças de segurança começou como tem sido costume, na ALERJ. Desde muito jovem me envolvi em movimentações
políticas. Comecei ainda na década de 80 e de lá pra cá, muitos atos,
manifestações, passeatas... O que vimos de violência e truculência hoje no
centro do Rio é algo indescritível.
O repórter Roger Mcnaught
partiu para a ALERJ (confira a matéria) onde havia um grupo desde cedo, eu e
Iluska Lopes fomos para a Cinelândia acompanhar e cobrir os acontecimentos por
lá. Havia uma multidão que só seria possível dimensionar do alto dos prédios,
mas certamente eram centenas de milhares, todos cumprindo o dever cívico e
revolucionário de romper com as políticas neoliberais do nefasto usurpador
Temer.
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José Trajano e Daniel Mazola / Fotos: Iluska Lopes |
Em 2013 e 2014
nossa equipe cobriu diversas passeatas, mas a de ontem foi das piores e mais covardes.
Por volta das 17h30 estávamos conversando com o jornalista José Trajano (foto acima),
assim que nos despedimos dele começou o escracho, a truculência e covardia sem
limites. Pareciam capitães do mato caçando escravos, a PMERJ não permitiu mais
que ninguém se manifestasse, foram dezenas ou centenas de bombas vindas de
todos os lados para dispersar a multidão (crianças, mulheres,
senhoras, idosos, cadeirantes, estudantes, sindicalistas, brasileiros de todos
os matizes). As bombas explodiram nas Avenidas Primeiro
de Março e Rio Branco, Candelária, Carioca, Cinelândia, Lapa, Glória, Bairro de
Fátima, Praça Tiradentes, até onde vimos e sabemos...
Quebrar vidraças
de bancos e incendiar ônibus é apenas reflexo, revolta pelo fim dos direitos
trabalhistas e da aposentadoria básica, isso para falar o mínimo. Antes de percebermos
que não haveria alternativa a não ser correr, gravei dois vídeos, observe como
os cidadãos correm passando mal, cobrindo olhos e boca em função das bombas de
gás. Da Cinelândia, precisamos seguir até o
Largo do Machado, o Metrô fechou as portas. No caminho fui conversando com
manifestantes e conhecidos que encontrava, todos chocados com nossa
"democracia", querendo apenas se
manifestar sem saber como. Uma das frases que não saem da cabeça foi essa: "Se
a polícia, no Centro da cidade, fez o que fez, observada o tempo inteiro por
milhares de pessoas com celulares em punho, imagina o que não deve ser feito
nos morros e favelas do Rio de
Janeiro".
Raysa Lima, Iluska Lopes e membros da Auditoria Cidadã da DívidaFoto: Mazola
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Outros dias virão,
amanhã vai ser maior, sigamos sem temor, até a vitória final!