Sábado, 9 de dezembro de 2017
Sabem quem não deu as caras na comissão geral da CLDF para discutir a atenção primária na saúde? O secretário de saúde.
Modelo de atenção primária do
GDF é uma "farsa eleitoral"
Da CLDF
Profissionais criticaram falta de treinamento para novas atribuições do Saúde na Família
A sessão ordinária da Câmara Legislativa do DF, nesta quinta-feira (7),
foi transformada em comissão geral para debater questões relacionadas à
realocação dos médicos da rede pública de saúde que não aderiram ao
Programa Converte, que visa a ampliar a cobertura da atenção primária no
Distrito Federal por meio do modelo de saúde da família.
No início do debate, a deputada Celina Leão (PPS), que propôs a
comissão geral, afirmou que todos os deputados distritais são favoráveis
ao Programa Saúde da Família. "Mas, é necessário aprofundar a discussão
sobre a realocação desses profissionais", acrescentou. A parlamentar
ainda defendeu a descentralização de recursos como forma de resolver os
problemas do setor.
Por meio do Programa Converte, médicos especialistas foram convocados a
atender pacientes como um "médico generalista". O principal problema
apontado pelos críticos desse modelo é "a falta de treinamento adequado
dos profissionais, que passaram a atuar na atenção básica à saúde". Eles
são submetidos a treinamento, mas há quem defenda o critério da
residência em medicina de família e comunidade. Parte dos médicos não
aceitou integrar o programa e estes têm cumprido metade da carga horária
em atividades administrativas.
Oportunidade – Antes de os dirigentes das entidades
representativas dos servidores e do GDF apresentarem seus argumentos,
foram ouvidos médicos e outros profissionais de saúde, além de líderes
comunitários e usuários do sistema, que destacaram aspectos positivos e
negativos do programa. Houve quem visse no Converte "uma oportunidade
para corrigir o atraso histórico do DF na atenção primária à saúde" e,
ainda, "o início de um processo para qualificar a rede pública". E quem
criticasse o modelo implantado, "por não estar adequado à realidade
local", além de denunciar "o medo de retaliação" por parte do governo.
Na opinião do deputado Raimundo Ribeiro (PPS), a questão principal é o
atendimento à população. "Tem-se colocado como problema central a
realocação, mas o importante é ter médicos para prestar os serviços
necessários nos locais adequados". O parlamentar lamentou a ausência do
secretário de Saúde e condenou "a justificativa da falta de recursos". E
também defendeu o direito dos cidadãos, que pagam impostos, à saúde.
Também falaram durante o evento o presidente da Câmara Legislativa,
deputado Joe Valle (PDT); Rodrigo Delmasso (Podemos); e o deputado
federal Rôney Nemer (PP-DF).
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Agentes de Saúde, Aldemir
Domício, considerou que política do setor é "eleitoreira e não de saúde
para a população do DF". Para o vice-presidente do Sindicato dos
Técnicos de Enfermagem, Jorge Viana, o modelo de atenção básica
implantado no Distrito Federal "não está funcionando". Enquanto o
presidente do Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Laboratório, André
Angelo da Silva, reivindicou que "a atenção primária seja implantada de
verdade".
Farsa – A presidente do Sindicato dos Enfermeiros,
Dayse Amarilio Diniz, abordou questões relativas ao atendimento: "O
discurso não condiz com a prática". E o presidente do Sindicato dos
Médicos, Gutemberg Fialho, classificou o modelo de atenção primária do
GDF de "farsa eleitoral". Ele conclamou a categoria a se posicionar
"contra a forma como o programa está sendo implantado" e criticou os
números, divulgados pelo governo, de aumento do atendimento: "Os dados
são uma picaretagem, quando o que temos é desassistência".
Representando a Secretaria de Saúde do DF, a coordenadora de Atenção
Primária à Saúde, Alexandra Moura, ratificou que a remoção de servidores
é ato administrativo da gestão justificado pela necessidade do serviço e
previsto na legislação. Ela defendeu o modelo e disse que a maioria dos
problemas do setor não decorre dessa estratégia. A gestora fez um
balanço do programa e reiterou a necessidade de ajustes.
Marco Túlio Alencar
Foto: Carlos Gandra/CLDF
Comunicação Social – Câmara Legislativa
Foto: Carlos Gandra/CLDF
Comunicação Social – Câmara Legislativa