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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Distritais rebatem, em plenário, fala de Ibaneis Rocha

Quarta, 5 de fevereiro de 2020
Da CLDF

Parlamentares da oposição chegaram a ironizar o balanço feito pelo chefe do Executivo

Na sessão que inaugurou o ano legislativo de 2020 na Câmara Legislativa, nesta terça-feira (4), diversos deputados questionaram pontos do pronunciamento feito pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, na abertura dos trabalhos. Parlamentares da oposição chegaram a ironizar o balanço feito pelo chefe do Executivo.
Nova líder do bloco Democracia e Resistência, que reúne o PT e o PSOL, a deputada petista Arlete Sampaio disse esperar que, até o final do mandato, tudo o que foi relatado pelo governador aconteça e "desejo que estejamos vivendo em uma Dinamarca, Noruega ou Suécia", em referência à qualidade de vida encontrada naqueles países. "Infelizmente, começamos o ano com uma ampliação do surto de dengue", salientou.

Como líder, Arlete afirmou que irá travar "muitos bons debates". Disse ainda que irá apresentar um relatório dos investimentos na área de saúde realizados quando governadores petistas ocuparam o Palácio do Buriti. "Também tenho críticas ao governo Agnelo Queiroz, mas não é verdadeiro afirmar que nada foi feito nos últimos 10 anos e que agora está tudo às mil maravilhas", acrescentou.
Para Leandro Grass (Rede), que falou pelo bloco Sustentabilidade e Trabalho, "é necessário reestabelecer a realidade dos fatos". Ele também usou um tom irônico para criticar o discurso de Ibaneis. "Queria morar no DF que o governador descreveu. Segundo ele, moramos numa ilha da fantasia", afirmou, listando uma série de pontos narrados, os quais contestou. Na análise de Grass, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), por exemplo, "foi enfiado goela abaixo". Ainda de acordo com o distrital, algumas unidades de pronto-atendimento (UPAs) receberam apenas pintura e não foram reformadas, e as escolas sofrem com problemas de infraestrutura; além de não existir política de assistência social. Para o distrital, "é hora de desconstruir o mundo fantasioso" no qual o governador reside.
Na opinião do deputado Fábio Félix (PSOL), líder da Minoria, Ibaneis está em outro país, outra cidade ou outra região. "O que ele falou não diz respeito aos mais de 300 mil desempregados do Distrito Federal ou às escolas sem condições de funcionamento. Em mais de 50 minutos, não consegui entender os reais projetos que o governador vai enviar à Casa este ano", observou. O parlamentar também fez críticas ao aumento das passagens do transporte coletivo e disse confiar que, na sessão deliberativa desta quarta-feira (5), será votado projeto de decreto legislativo, de sua autoria, derrubando o reajuste. "Precisamos sustar esse aumento abusivo até realizarmos um debate sério sobre a questão, inclusive para que os dados do sistema sejam revelados", defendeu.
A deputada Júlia Lucy (Novo) também dirigiu críticas ao governo e à fala de Ibaneis. "O governador está fingindo que está num país nórdico. Não é a realidade que as pessoas estão vivendo", disse. Ela lamentou a redução dos investimentos na atenção primária à saúde e reclamou dos repasses para o IgesDF: "Ele já toma três vezes mais do orçamento da Secretaria de Saúde do que tomava no ano passado".
Já o deputado Chico Vigilante (PT) considerou que o discurso do governador era para "convencer bode a entrar na água, o que é muito difícil". O distrital criticou os contratos de limpeza na área da saúde, citando a situação do Hospital de Santa Maria – onde, segundo informou, apenas um trabalhador deve dar conta de limpar um andar inteiro – e das UPAs, que contam com dois funcionários da limpeza. "Isso é um absurdo, chega a ser um crime".
Falando pelo bloco Brasília em Evolução, que reúne representantes do Avante, PSB, PSC, PSDB e PTC, o deputado Roosevelt Vilela (PSB) reclamou da decisão do comando da Polícia Militar de não renovar o contrato com 125 policiais que, embora na reserva, vinham prestando serviços à comunidade, mediante o recebimento de uma gratificação de R$ 850,00. "Eles ganham menos que o salário mínimo e são profissionais extremamente experientes", argumentou, chamando a atenção para a defasagem de pessoal nas forças de segurança do DF.
Painéis eletrônicos – Durante a sessão, alguns distritais elogiaram a inauguração dos painéis eletrônicos de votação no plenário. "Agradeço o empenho do deputado Delmasso (Republicanos), isso vai dar mais transparência à Casa", ressaltou Júlia Lucy. O deputado Sardinha (Avante) também cumprimentou o parlamentar e os profissionais que trabalharam para instalar o sistema durante o recesso legislativo.
Fonte: CLDF
Marco Túlio Alencar e Denise Caputo 
Fotos: Carlos Gandra/CLDF
Núcleo de Jornalismo - Câmara Legislativa