Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Memória viva da história e do jornalismo

Sábado, 8 de fevereiro de 2020
Por Daniel Mazola da Tribuna da Imprensa Livre

Jornalistas Helio Fernandes e Daniel Mazola, 2008, Festa do Centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (Iluska Lopes/TIL)

Abril de 2014, Helio Fernandes, decano e catedrático do jornalismo brasileiro, hoje com 99 anos, concedeu magnífica entrevista ao programa Observatório da Imprensa. Na ocasião, Alberto Dines e Ancelmo Gois (convidado especialmente para “enfrentar a fera”) conversaram por mais de três horas com o mestre e poderia ter durado muito mais.
O falecido Alberto Dines, lembrou que o jornalista Helio Fernandes foi testemunha das últimas oito décadas da história do Brasil, que conviveu com a cúpula política do país e com importantes nomes da imprensa. Entre eles, JK e o polêmico Carlos Lacerda, de quem comprou a Tribuna da Imprensa em 1962, isso após uma rápida passagem pelas mãos de Manuel Francisco do Nascimento Brito, então dono do Jornal do Brasil.
Helio Fernandes foi preso 9 vezes, desterrado três e sofreu 37 processos. Afirmou ter sido o único jornalista brasileiro preso e julgado pelo STF, porque publicou uma circular sigilosa e confidencial do Ministro da Guerra, isso em 1963. Millôr ao saber da prisão do irmão fez uma frase e publicou: “Um jornalista que recebe um documento desses e não publica, é melhor que abra um supermercado”. Relembrou o início da carreira, ainda nos anos 1930, quando as teclas das máquinas de escrever das redações eram movidas a fumaça de cigarro e uísque.