Domingo, 19 de setembro de 2021
Meu encontro com o ator Luiz Gustavo nos anos 80
Por
Cida Torneros*
Cida Torneros*
Nos anos 80 fiz uma entrevista longa com o ator Luiz Gustavo durante um jantar no restaurante El Cordobes, que ficava na lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro. Tatá, como ele era conhecido no meio artístico, me deu um show de humanidade naquelas horas em que degustamos o prato que ele escolheu: calamares en su tinta.
Eu era sua fã desde a adolescência quando acompanhei a novela Beto Rockfeller. Pudemos conversar muito. Ele estava fazendo muito sucesso com o personagem Victor Valentim na rede Globo. Um costureiro conquistador que usava o encanto de um batom chamado Boka Loca que ele oferecia as suas clientes. Eu escrevia para um periódico dirigido a colônia espanhola no Brasil. Daí a pauta da matéria que não só rendeu um texto sobre a carreira do artista como um beijo que ele e eu trocamos ao estilo "boka loca", de brincadeira ao nos despedirmos.
Desse encontro único e inesquecível pude me surpreender com uma confissão sua. Ele tinha um filho adolescente inválido, vivendo no interior de São Paulo, que constantemente ele visitava e com o qual se comunicava somente pelo tato. Ao me contar isso, Luiz Gustavo chorou e eu chorei junto. Sabia que o rapaz viveria poucos anos mais. Entretanto, falava dele com entusiasmo, quem podia imaginar que aquele ser humano transmitia tanta alegria com sua arte e vivia um drama pessoal tão profundo. Soube anos mais tarde que ele perdera esse filho, se casara de novo e foi pai de novo.
Não acompanhei de perto sua brilhante carreira mas tive chance de ver participações suas em outras novelas e no famoso "Sai de Baixo".
No momento da sua partida, saúdo o talento humano de um ser tão especial. Que Deus o receba na Glória. Cida Torneros
*Cida Torneros é jornalista aposentada e edita no Rio de Janeiro o Blog Vou de Bolinhas.