Quinta, 16 de setembro de 2021
Gasolina no Brasil é 71,12% mais cara que na Virgínia (EUA), onde o salário mínimo é 11 vezes maior
por Sylvio Massa de Campos*
Torna-se necessário registrar que a vergonhosa remuneração do atual presidente da Petrobrás, General de Exército Luna e Silva, de R$ 260.400,00, não foi fixada por ele e sim pelo Conselho de Administração (CA) da empresa, permitindo assim acionar os demais vínculos salariais na hierarquia das funções de comando da empresa. São altíssimos os salários para a direção e para o corpo gerencial. Consequência de uma arbitrária modificação estatutária feita em 2016, que deu aparência de legalidade aos atos praticados pelo CA, contrariando ao estatuído em lei.
Assim, como parte de uma estratégia de cooptação ao silêncio, os salários são fixados, propositadamente ou não, para permitir uma concordância às políticas de vendas dos ativos rentáveis da empresa — R$ 231,5 bilhões até a presente data, segundo o Observatório Social da Petrobrás (OSP) — e de sua política de preços para os derivados originários do petróleo nacional mas fixados aos preços internacionais. Ressalte-se que a esses preços ainda são adicionados os custos de importação dos derivados estrangeiros, determinando, por consequência, a ociosidade das refinarias da empresa — 30%, em média.
Quanto aos preços dos derivados, registramos que o engenheiro militar, Wilson Chiarelli, residente nos USA, estado da Virginia, esclarece que o preço da gasolina standard em seu estado, com a cotação do dólar a R$ 5,177, é de R$ 4,09 o litro (10% de álcool anidro). Desse modo, a gasolina vendida no Brasil, em torno de R$ 7,00, é 71,12% mais cara que no mercado americano, onde o salário mínimo é 11 vezes maior que o salário mínimo do brasileiro.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pobreza no Brasil triplicou de 9,5 milhões de pessoas, em 08/2020, para 27 milhões de indivíduos, em 02/2021. Já o percentual de famílias endividadas chega a 72,9%. Diante desse quadro, deve-se confrontar o escárnio de distribuir R$ 31,6 bilhões de dividendos aos acionistas da Petrobrás, sendo que 40% são estrangeiros, dividendos estes, originários dos "lucros" fabulosos gerados através de inescrupulosa isenção de tributos, principalmente na exportação do petróleo bruto.
Registro que à época da construção da Petrobrás - do poço ao posto - nas administrações dos antigos generais - Roca Dieguez, Albino Silva, Kandal da Fonseca, Araken de Oliveira, Ernesto Geisel, Yvan de Souza Mendes e outros, as remunerações da Diretoria e dos Gerentes guardavam relações éticas e morais para não fugirem do teto constitucional e, principalmente, em relação ao quadro social do país. Por essa razão venho sugerir uma "rachadinha " honesta dos valores que ultrapassem os tetos fixados por lei (R$39.300,00), sem direito a acumulação de outras origens, freando o rápido enriquecimento dos escolhidos para essas funções de comando e reduzindo a taxa do aumento da pobreza no Brasil, ofertando essas diferenças às instituições que cuidam da fome dos brasileiros.
*Sylvio Massa de Campos — Economista e ex-Diretor da BR Distribuidora
Publicado no AEPET DIRETO.