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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ação do MPF contra ex-presidente da Valec demora 16 meses só para ser recebida pela Justiça

Terça, 14 de agosto de 2012
Do MPF
Ação de improbidade administrativa por fraudes de licitação foi protocolada em abril de 2011 e apenas agora é que começa a tramitação no judiciário

Já existe um anteprojeto para desburocratizar a Lei de Improbidade Administrativa, de autoria da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA). Porém, o projeto está parado, desde 2010, no Ministério da Justiça. Um exemplo de como é difícil o MPF obter uma resposta às suas ações, mesmo com provas robustas, foi o recebimento, após 1 ano e 4 meses, de uma ação civil pública (ACP) protocolada em 2011 contra envolvidos em superfaturamento de contrato para construção de trecho da ferrovia Norte-Sul. Só agora a Justiça Federal dará início a tramitação do processo, após ouvir, preliminarmente, os réus.

A próxima etapa será praticamente uma repetição da fase preliminar. Por exigência legal, a Justiça deve ouvir novamente a defesa dos réus, o que deve consumir o mesmo prazo já transcorrido desde a propositura da ação. O procurador da República Hélio Telho destaca que todo esse tempo foi gasto só para o recebimento da demanda. Após a fase de contestação, que provavelmente irá durara de um a dois anos, a ação deverá seguir para a fase de instrução (colheita de provas em juízo). Só após essa fase é que o caso estará pronto para ser julgado em primeira instância.

Além de Juquinha, os outros réus do caso são: Ulisses Assad (ex-diretor da Valec); Jorge Antônio de Almeida (superintendente de projetos da Valec); André Luiz de Oliveira (superintendente da Valec), Constran – Construção e Comércio; Flávio Barbosa Lima; Gianfranco Antônio Vitorio Artur Perasso e a empresa Lupama Comércio e Construções.

O combate aos atos de improbidade administrativa muitas vezes é dificultado por conta da burocracia que envolve esse processo. Para um combate mais eficiente nos casos de improbidade administrativa a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) finalizou um anteprojeto de lei, prevendo uma nova lei para o assunto. O texto do ENCCLA foi elaborado por cerca de 160 agentes públicos federais e estaduais.

Entenda o caso
Em abril do ano passado, o MPF protocolizou ação de responsabilidade por atos de improbidade administrativa em desfavor do presidente da Valec (responsável pela construção da Norte-Sul), José Francisco das Neves, o Juquinha, e outros envolvidos em fraudes de licitação. Eles são apontados por superfaturar contrato para construção de trecho da ferrovia Norte-Sul. Se considerar os preços praticados em 2004, o valor excedente pago pelos cofres públicos é de pouco mais de R$ 48 milhões (seria de R$ 71 milhões, em 2009), resultado de contrato de R$ 245 milhões. De acordo com perícias criminais, sem a fraude, o custo da obra não passaria de R$ 197 milhões.
 
“Desde o edital, as regras adotadas já direcionaram a licitação. Houve sete empresas disputando os sete lotes e cada uma ganhou um, isto é, não houve disputa entre as empresas, houve divisão das fatias do bolo”, explica o procurador da República Helio Telho.

Segundo as investigações do MPF, a Valec contratou, em janeiro de 2006, a empresa Constran para execução de obras de infraestrutura e superestrutura ferroviárias e obras de arte especiais, em trecho de 105 km, entre o Pátio de Santa Isabel e o Pátio de Uruaçu, em Goiás, com sobrepreço da ordem de 29,45%

Clique aqui e leia decisão para o recebimento da ACP.