Quarta, 29 de agosto de 2012
Débora Zampier, repórter da Agência Brasil
As primeiras decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470, o chamado processo do mensalão, devem sair nesta quarta-feira (29). A Corte retoma a análise do processo às 14h, com a manifestação dos quatro ministros restantes - são 11 no total -, para a conclusão da primeira parte do julgamento.
As primeiras decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470, o chamado processo do mensalão, devem sair nesta quarta-feira (29). A Corte retoma a análise do processo às 14h, com a manifestação dos quatro ministros restantes - são 11 no total -, para a conclusão da primeira parte do julgamento.
Os debates estão limitados às acusações sobre desvio de dinheiro
público na Câmara dos Deputados e no Banco do Brasil. Segundo o
Ministério Público, as quantias eram usadas para alimentar o pagamento
de propina a parlamentares.
Até o momento, a Corte foi unânime em todas as decisões sobre
desvios no Banco do Brasil e no fundo Visanet. Já receberam maioria de
seis votos pela condenação os réus Henrique Pizzolato, ex-diretor de
Marketing do Banco do Brasil (corrupção passiva e peculato), o
empresário Marcos Valério e os sócios dele Ramon Hollerbach e Cristiano
Paz (corrupção ativa e peculato).
Também já há maioria para livrar o ex-ministro da Comunicação Social
Luiz Gushiken das acusações de peculato. A absolvição já havia sido
solicitada pelo Ministério Público Federal nas alegações finais do
processo por falta de provas.
A unanimidade não se repetiu, no entanto, nas acusações que têm como
protagonista o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Ricardo
Lewandowski e Antonio Dias Toffoli entendem que João Paulo não recebeu
propina para favorecer Valério e seu grupo em um contrato na Câmara, e
absolvem todos os envolvidos. Opinião diversa têm os ministros Joaquim
Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia, que os consideram culpados
dos crimes de corrupção e peculato.
João Paulo e Pizzolato também respondem pelo crime de lavagem de
dinheiro, mas ainda não há maioria formada em nenhum dos dois casos
porque a ministra Rosa Weber deixou para votar depois sobre o tema, que
considera apenas a “ponta do iceberg”. Pizzolato recebeu até agora cinco votos pela condenação nesse crime e João Paulo Cunha, três.
O primeiro a falar nesta quarta-feira será Cezar Peluso, que deve
apresentar o último voto de sua carreira como ministro da Suprema Corte.
Ele se aposenta compulsoriamente no início de setembro ao completar 70
anos, e sua última sessão será amanhã (30). O ministro pode, em tese,
adiantar todo o teor de seu voto, passando inclusive à frente do relator
e do revisor, mas essa é uma hipótese considerada pouco provável.
A única dúvida se o julgamento da primeira parte terminará
efetivamente nesta quarta está no voto do ministro Celso de Mello.
Decano da Corte, ele geralmente traz votos bastante longos, com fartas
referências históricas e de direito comparado, além de alusões à
jurisprudência do STF.
Mesmo que as primeiras condenações saiam hoje, os réus envolvidos
nessas acusações ainda não terão um veredito. Os ministros deixaram para
o final do julgamento a análise da chamada “dosimetria”, em que
ponderam atenuantes e agravantes para definir a pena justa entre o
mínimo e o máximo permitido por lei.