Segunda, 24 de agosto de 2012
                                   Foto publicada no site VIOMUNDO 
Aldo Vicentin, vítima do amianto,  na UTI do Incor, após a 
cirurgia; quinta-feira, 3 de julho de 2008, às 9h30, ele faleceu. 
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Débora ZampierRepórter da Agência Brasil
 A divergência de opiniões sobre o uso de amianto em 
escala industrial foi reproduzida hoje (24), no Supremo Tribunal Federal
 (STF), em audiência pública convocada pelo ministro Marco Aurélio 
Mello. Ele é relator de uma ação sobre o tema que tramita na Corte desde
 2007, e busca mais elementos científicos antes de preparar voto sobre o
 uso da substância no país.
O amianto é uma fibra mineral natural, mais fina que um fio de 
cabelo, usada na construção civil. Geralmente é associada ao cimento e 
aplicada como revestimento e isolante em coberturas, telhados e galpões.
 Cerca de 2 milhões de toneladas de amianto do tipo crisotila são 
consumidas no mundo anualmente. No Brasil, a legislação permite o uso 
controlado apenas desse tipo de amianto, proibindo os demais.
Apesar dos efeitos positivos do amianto para a economia nacional – o
 Brasil é o terceiro maior exportador mundial do tipo crisotila -, os 
efeitos da exposição ao material são contestados por órgãos de saúde e 
por entidades ambientais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 
um terço dos cânceres ocupacionais é causado pela inalação de fibras de 
amianto.
No STF, nem mesmo o Executivo marcou posição unânime sobre o 
assunto. Os representantes dos ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e 
da Previdência Social defenderam o banimento do uso do mineral, enquanto
 as pastas do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a de 
Minas e Energia argumentaram que é possível negociar o seu controle.
“Está provado cientificamente que o produto é cancerígeno e que o 
Brasil tem tecnologia e matérias-primas para substituí-lo totalmente em 
seu território”, disse Guilherme Franco Netto, do Ministério da Saúde. 
Para o representante do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, 
estudos sérios sobre o impacto do amianto no corpo humano provam que o 
“uso controlado do amianto do tipo crisotila é viável”.
As divergências se repetiram entre os outros 12 expositores do dia, 
divididos entre representantes da indústria, do Estado e de entidades 
ligadas aos trabalhadores expostos ao amianto. A segunda parte da 
audiência continua na próxima sexta-feira (31), com a apresentação de 
mais 18 expositores.
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