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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Juiz toma depoimento do ex-deputado distrital Rogério Ulysses

Quinta, 23 de agosto de 2012 
Juiz ouve mais um ex-deputado distrital citado em gravações da Caixa de Pandora

O Juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF interrogou nesta quinta-feira, 23/8, o ex-deputado distrital Rogério Ulysses Telles de Mello, citado em gravações da Operação Caixa de Pandora, também conhecida como Mensalão do DEM. Na mesma audiência de Instrução e Julgamento foi ouvido o delator do suposto esquema de pagamento de propinas a parlamentares da Câmara Legislativa do DF, Durval Rodrigues Barbosa.

Rogério Ulysses foi o primeiro a depor. Inquirido pelo magistrado sobre trecho de gravação de conversa entre o ex-governador José Roberto Arruda e José Geraldo Maciel,  afirmou não ter idéia do que se tratava o diálogo. Segundo ele, foi deputado distrital no período de 2007 a 2010, eleito pelo PSB. Que durante a campanha de Arruda, era professor concursado do DF, não tendo apoiado o então candidato a governador. No período do mandato parlamentar, desse ter mantido posição independente em relação ao Governo e não fazia parte da “base de sustentação do governo do DF”, votando em questões que entendia adequadas a Região Administrativa a qual representava, São Sebastião.

Quanto às denúncias da ação a que responde, afirmou desconhecer a existência do mensalão do DEM na época em que atuou na CLDF. Que desconhece os motivos que fizeram Durval Barbosa incluir seu nome nos elementos probatórios existentes nos autos, já que sequer o conhecia antes daquela audiência. Fez questão de acrescentar que “construiu sua vida pessoal, profissional e política a duras penas na cidade de São Sebastião tendo sido eleito como deputado com muito esforço e pouco gasto, conforme declarado nas contas prestadas à Justiça Eleitoral”.

 Por seu turno, Durval Barbosa reafirmou a existência do esquema de corrupção deflagrado pela Caixa de Pandora: “A organização criminosa foi instalada a partir do ano de 2003 tendo estado em funcionamento até o ano de 2009 e continua agora e não vai parar nunca!”

 Barbosa afirmou não ter feito pagamento pessoalmente a Rogério Ulysses, mas que “pelo que ficou apurado, o então deputado distrital recebia dinheiro do esquema para prestar apoio político ao Governador Roberto Arruda”. Informou ainda que a operacionalização do esquema contava com outras participações além da dele, encarregado de arrecadar dinheiro junto à área de Informática do GDF. Citou mais dois arrecadadores: Márcio Machado e Renato Malcoti. Entre os encarregados de fazer o pagamento dos deputados, elencou José Geraldo Maciel, Domingos Lamoglia, Omézio Pontes, e de vezem quando FábioSimão.Segundo Durva, na lista dos beneficiados do esquema constava o nome de 19 parlamentares da base aliada. No entanto, segundo ele, isso não exclui o pagamento de deputados de oposição, já que a distribuição de cargos no DF também fazia parte de moeda de troca por apoio político.

 Após o encerramento da audiência de Instrução e Julgamento, o magistrado declarou encerrada a fase de coleta de provas e deu vista do processo às partes, MP (5 dias) e defesa (10 dias), para que fizessem as alegações finais. Após esse prazo, os autos serão conclusos ao juiz para sentença.  
Processo:194532.3/2010

Fonte: TJDF