Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

PMDB sem viés


Quinta, 30 de agosto de 2012-08-29 
Por Ivan de Carvalho
1. Recebi na manhã de ontem um telefonema do ex-deputado Geddel Vieira Lima, principal liderança do PMDB da Bahia. Disse que ligara “mais para ouvir”, colher impressões, mas certamente algo tinha a dizer, porque disse e nisso esforçou-se para expressar-se com a maior clareza possível.

            O dia amanhecera com declarações de Geddel, diretor de Governo do Banco do Brasil, e análises delas publicadas na imprensa (Tribuna da Bahia) e na Internet.

O tom geral do que fora publicado passava a impressão de que – naturalmente na hipótese de seu candidato a prefeito, Mário Kertész, não classificar-se para o segundo turno – o PMDB se inclinaria a considerar com mais simpatia o apoio à candidatura do petista Nelson Pelegrino que a do democrata ACM Neto na segunda etapa das eleições de outubro.

Não há nada disso, afirmou Geddel Vieira Lima, enfático. Ele deu uma declaração bem simples: acredita que as eleições para prefeito de Salvador serão decididas somente no segundo turno e espera que o candidato do PMDB esteja entre os dois que estarão classificados. Mas, se não estiver, “vamos conversar com cada um dos dois candidatos classificados e apoiar aquele que julgarmos melhor para a cidade”.

“É só isso, não tem mistério”, disse, sugerindo que o tempo é de muita especulação, o que acha natural, mas deixando claro que não passariam mesmo de especulação quaisquer associações com fatos, circunstâncias ou declarações de terceiros que levem à conclusão de que há hoje qualquer inclinação do PMDB para apoiar especificamente um determinado candidato no segundo turno. “Falei e ficou parecendo na mídia que eu disse alguma novidade. Não houve novidade nenhuma. Eu só disse o óbvio”.

Geddel Vieira Lima diz estar constatando “movimentos” nas preferências do eleitorado, que teriam ocorrido durante a primeira semana da propaganda eleitoral gratuita, “o que demonstra que a televisão é um instrumento poderoso”.

2. Com a primeira semana da propaganda eleitoral gratuita, a candidatura petista do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, patrocinada por Lula e agora que finalmente conseguiu ganhar a adesão da senadora Marta Suplicy, conseguir avançar em São Paulo.

Segundo o Datafolha, Haddad subiu seis pontos e está na terceira posição, com 14 por cento. Muito bom desempenho. José Serra, do PSDB, foi o patinho feio da pesquisa, caiu cinco pontos, de 27 para 22 e sua rejeição subiu cinco pontos percentuais, chegando a 43 por cento de eleitores que dizem não votar nele “de jeito nenhum”. Há dois anos, a cidade de São Paulo deu a Serra 40 por cento dos votos nas eleições presidenciais. Mas o ganhador dessa pesquisa foi Celso Russomano, do PRB. O PT, como quase todo mundo, achava que ele cairia rapidamente com o início da propaganda eleitoral pelo rádio e televisão, pois seu tempo é escasso. Ele atravessou a primeira semana da propaganda “gratuita” sem perder um ponto sequer – manteve a liderança, com 31 por cento das intenções de voto.

Em Belo Horizonte, o candidato do PSB com apoio dos tucanos de Aécio Neves bate, por enquanto, por 46 por cento a 30 por cento, o petista Patrus Ananias, imposto por Dilma Rousseff e Lula. Espetaculares estão mesmo as coisas é em Recife, onde o candidato do PSB, Geraldo Júlio, apoiado pelo governador Eduardo Campos, presidente nacional do partido, subiu nos últimos 20 dias de sete para 29 por cento. O ex-ministro Humberto Costa, candidato do PT imposto por Lula e o comando nacional do partido, de 20 de julho para cá sofreu queda de 35 para 29 por cento, colocando-se em um incômodo e perigosíssimo empate com o candidato do PSB.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.