Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Alfreeedo!

Quinta, 4 de agosto de 2011
O ex-ministro do Transportes, Alfredo Nascimento, que reassumiu a cadeira de senador, fez um longo discurso ontem (3/8) na tribuna do Senado, de onde tentou explicar a corrupção dentro do seu ministério.

O que poderia ser visto como um ato nobre de falar sobre os seus pecados —e de seu grupo dentro do ministério—, se analisados alguns aspectos foi uma confissão de, no mínimo, incompetência, fraqueza e omissão próprias, além de coisas imperdoáveis para a Presidência da República. Além disso, muitas respostas do senador deixaram ainda mais dúvidas sobre o imbróglio nos Transportes.
 
Ele, o ministro, pouco falou sobre a corrupção envolvendo o ministério, em especial o Dnit e a Valec. Tentou tirar o couro da frente da chibata, alegando o que não poderia ser alegado. Tentou convencer que os escabrosos fatos denunciados pela mídia foram fatos ocorridos em período que ele estava afastado. Em sua defesa (?) afirmou que não gerenciou o orçamento de 2010, bem como não foi responsável pela elaboração do de 2011.
 
Como alegar isso, se ele era ministro desde o início do primeiro governo Lula, tendo se afastado apenas num curto período para se dedicar à sua campanha ao Senado? Estaria insinuando coisas contra o seu interino, o atual ministro Paulo Sérgio Passos? Um processo de corrupção como o denunciado não pode surgir da noite para o dia.

O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, já havia diagnosticado a situação no Ministério dos Transportes: era um caso grave em que a corrupção fazia parte do DNA do Dnit. Se fazia parte do DNA, seria coisa antiga. Se coisa antiga, já vinha desde a gestão de Nascimento no primeiro governo Lula. Sendo assim, não poderia ser do desconhecimento do ministro. E mais, se ao voltar de sua campanha eleitoral, já que descobriu as tramóias no ministério, qual a razão de não demitir os suspeitos e os responsáveis por tudo isso?
 
O pior é que o senador Nascimento sem querer (ou querendo?) dedurou o núcleo central do governo Dilma. Segundo o discurso no Senado, a ministra do Planejamento e a própria presidente foi informada da questão.
 
Se a presidente tomou conhecimento dos problemas, por que não fez a faxina de imediato, deixando para fazê-la apenas empurrada pelas denúncias da imprensa quando colocou os podres dos Transportes para fora?
 
Uma coisa é certa. O senador Nascimento pouco ou nada acrescentou para o esclarecimento dos rumorosos, e bilionários, casos de corrupção dentro do Ministério dos Transportes.