Quinta, 11 de agosto de 2011
Da Agência Brasil
Mariana Jungmann - Repórter
A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou
hoje (11) uma nota na qual declara que as denúncias recentes de
corrupção no governo geram um clima de “perplexidade, insegurança e
indignação”. O texto da nota, formulado pelo Conselho Episcopal Pastoral
da CNBB, que está reunido em Brasília, diz ainda que “os princípios
éticos da verdade e da justiça exigem exemplar apuração dos fatos com a
consequente punição dos culpados, porque não se pode transigir diante da
malversação do emprego do dinheiro público. Sacrificar os bens devidos a
todos é um crime que clama aos céus por lesar, sobretudo, os pobres”.
A nota diz ainda que as instituições de Estado têm demonstrado
solidez, mas que o aperfeiçoamento da democracia exige uma administração
transparente e uma profunda reforma política.
O presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis, contudo, elogiou a
atuação da presidenta Dilma Rousseff em relação às denúncias de
corrupção no governo dela. De acordo com o cardeal, as demissões no
Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura
de Trasnportes (Dnit), demonstram que o governo está buscando mais
transparência.
“O governo está no seu começo ainda e, realmente, essas medidas têm
sido bastante claras, que sinalizam evidentemente para uma gestão
pública muito mais transparente, muito mais honesta, porque, de fato,
tem ocorrido demissões”, disse dom Assis.
Para ele, a presidenta deve ser informada antecipadamente das operações
da Polícia Federal (PF), como a que prendeu 38 pessoas esta semana,
suspeitas de integrar um esquema de corrupção no Ministério do Turismo.
Ele lembrou que a PF está subordinada ao Ministério da Justiça e segue
orientações dos superiores hierárquicos.
“Não podem ser operações arbitrárias, decididas por uma pessoa ou um
grupo de policiais, mas deve ser realizada dentro de um quadro de normas
que regulam as ações da Polícia Federal. Mas, é claro que é normal que a
presidenta da República saiba o que está acontecendo no país. Se nós
nos informamos pelos meio de comunicação, é evidente que ela também deve
tomar conhecimento, talvez até com antecipação”, disse.
O presidente da CNBB cobrou, contudo, que as normas constitucionais e a
dignidade humana sejam respeitadas nessas operações. Disse que é
preciso aguardar a defesa dos acusados antes de condená-.los e que, uma
vez concluídas as investigações e encontrados os culpados, haja punição.