Terça, 16 de
outubro de 2012
Por Ivan de Carvalho

Talvez se possa até dizer, sem
agredir a realidade demonstrada pelo ocorrido durante a campanha e mesmo em 7
de outubro, dia das eleições em primeiro turno – com a tresloucada pesquisa de
boca de urna que fez na capital baiana – que o Ibope parece não estar em
condições de captar coisa alguma sobre as tendências do eleitorado da capital.
Já tratei ontem dos resultados
distorcidos que o Ibope apresentou sobre as tendências do eleitorado de
Salvador e o quase inevitável favorecimento em que eles implicaram em favor de
um dos candidatos, o do PT e em detrimento de outro, o do Democratas. Neste
caso, cumpriu papel extremamente importante neste sentido a pesquisa Ibope
divulgada no dia 27 de setembro (por equívoco, referi-me ontem a ela como se
divulgada num futuro 27 de outubro, mas se o Ibope erra feio nas suas viagens
estatísticas, também posso fazer a minha inofensiva viagem no tempo).
Vale,
no entanto, insistir no fato de que erros clamorosos foram cometidos pelo Ibope.
Isso aconteceu em várias outras capitais de estados, mas destacam-se os casos
de Salvador, Manaus e Curitiba. Em Manaus, onde os candidatos principais eram o
ex-senador Arthur Virgílio e a senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B, o Ibope
os colocou em empate para o segundo turno. Mas, nas urnas, o tucano teve 40 por
cento dos votos válidos e a comunista não chegou aos 20 por cento. Feliz, não
com o resultado eleitoral, mas, antes, com o da pesquisa Ibope, deve ter ficado
o ex-presidente Lula, que considera Arthur Virgílio um inimigo, pois não o
perdoa de, como líder tucano no Senado, haver influído muito para a extinção da
CPMF, que seu governo tentava eternizar.
Muito
errou o Ibope e, ainda que em menor intensidade e quantidade, mas ultrapassando
a razoabilidade, também o Datafolha. O Vox Populi botou a cara, fazendo uma
pesquisa por encomenda da Rede Bandeirantes, mas em seguida recolheu-se.
As
“margens de erro” costumam ser invocadas pelos institutos para justificar seus
desacertos, mas elas não explicam de modo nenhum, ao contrário do que deu a
entender a diretora do Ibope-Inteligência, um erro como o cometido em Manaus
pelo Ibope. Nem cabe nas “margens de erro” o erro cometido pelo mesmo instituto
na absurda pesquisa de boca de urna em Salvador, com sete pontos percentuais de
frente para o candidato que ficou atrás – uma doideira ou uma demonstração de
que o eleitorado de Salvador é composto de mentirosos. A atuação do instituto
em Salvador foi tão complicada que o candidato classificado em primeiro lugar
para o segundo turno, ACM Neto, em um momento de festa e desabafo, quase gritou
para os jornalistas – “Vencemos o Ibope”.
A
opinião do repórter é a de que o Ibope e similares devem falar menos em margens
de erro e conseguir alguma margem de acerto.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho
é jornalista baiano.