Sexta, 18 de outubro de 2012
Por Ivan de Carvalho

Já tratei deste assunto aqui pelo
menos duas vezes depois das eleições de 7 de outubro, referindo-me basicamente
a pesquisas eleitorais realizadas pelo Ibope em São Paulo, Manaus, Curitiba e
Salvador, os casos mais gritantes, embora vários outros hajam ocorrido.
Creio que vale insistir no assunto,
ante a previsão de que será divulgada hoje, pela TV Bahia, a primeira pesquisa
do Ibope realizada no período de campanha para o segundo turno das eleições de
prefeito de Salvador, onde o fracasso do Ibope foi tão completo que o próprio
instituto – embora resmungando sobre margens de erros que seus erros superaram
amplamente (caso dos absurdos resultados da pesquisa de boca de urna, que deu
sete pontos percentuais de vantagem ao candidato Pelegrino, quando as urnas
apontaram a vitória do candidato ACM Neto por alguns décimos) – se declarou
disposto a ter mais cuidado nas pesquisas sobre o segundo turno na capital
baiana.
Resta saber se terá mesmo mais
cuidado ou se a promessa é apenas peça de campanha para tentar recuperar a
comprometida credibilidade do instituto. Enquanto essa questão não for
esclarecida, não somente em Salvador, como também em outras cidades em que o
Ibope errou feio no primeiro turno, como as já citadas Manaus, Curitiba e São
Paulo (aí, na contramão de pesquisas feitas por outras entidades), a prudência
recomenda que seja o que for que digam os resultados do Ibope, eles sejam
postos de molho até que as urnas digam o que realmente pretendiam os eleitores.
A propósito, o deputado Jutahy
Júnior, do PSDB e que está apoiando a candidatura de ACM Neto, tem feito esta
semana críticas, algumas das quais valem um registro, sobre pesquisas
eleitorais do Ibope. Primeiro, fez declarações à imprensa, depois, um discurso
na Câmara dos Deputados.
Um
trecho do discurso: “Em Salvador, minha cidade, o candidato ACM Neto, que tem
nosso apoio, recebeu na véspera da eleição um resultado 6 por cento a menos. Na
boca de urna, 7 por cento. No dia da eleição, foi o primeiro colocado. E, em
Manaus, houve um caso mais escandaloso. Colocaram um empate de 29 a 29 por
cento e, no dia da eleição, foram 40 por cento para Arthur Virgílio (PSDB) e 19
por cento para a senadora Vanessa (PC do B)”. Acrescentou que em São Paulo,
quando todos os demais institutos que fizeram pesquisa lá atribuíam ao tucano
José Serra uma situação ascendente, o Ibope colocou-o em terceiro lugar.
Serra
passou ao segundo turno em primeiro lugar, ainda que agora – pelas pesquisas do
Datafolha e Ibope – esteja em acentuada desvantagem. Mas isso não desfaz a
distorção verificada nos números do Ibope no primeiro turno no caso paulistano.
Mas, voltando ao discurso de Jutahy Júnior, ele vai à conclusão: “A Presidente
Dilma e o ex-presidente Lula concentraram suas campanhas em três Estados: São
Paulo, Salvador e Manaus. Será que é coincidência, que exatamente nesses três
Estados o IBOPE errou da forma mais escandalosa e escancarada? Eu não acredito
em coincidência. Essa manipulação dos institutos de pesquisa tem de ter um
basta”.
Antes,
o deputado acusara manipulação de pesquisas também no interior como um fenômeno
que se espalha pelo país. Vale citá-lo: “Agora virou moda, no interior, vários
municípios terem institutos localizados que não existem nem de fato. São pesquisas
compradas e registradas na tentativa de influenciar o resultado nos pequenos
municípios do Brasil”.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.