Sábado, 3 de agosto de 2013
Daniel Mello, repórter da Agência Brasil
São Paulo – Divergências enfraqueceram a manifestação feita na noite
de hoje (2) contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, os
governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral, e pedindo a desmilitarização da polícia. O grupo, que chegou a
ter 400 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), teve dificuldades em
vários momentos para decidir o trajeto que a passeata deveria seguir.
Com o número de participantes reduzido, após um trajeto por ruas pouco
movimentadas do bairro Bela Vista, o protesto desceu em direção à
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), onde chegou por
volta das 22h. No local, houve tumulto e a PM usou spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
O ato começou com concentração no Museu de Arte de São Paulo (Masp), o
grupo seguiu pela Avenida Paulista no sentido Paraíso. Em seguida, a
passeata desceu a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, sentido centro. Nesse
momento, temendo depredações, algumas lojas fecharam com os clientes
ainda dentro. Depois de alguns minutos de caminhada, os manifestantes
seguiram por ruas menores e com pouco movimento, no bairro Bela Vista.
Após um percurso sinuoso, o grupo retornou à Avenida Paulista, onde, por
cerca de 30 minutos, os manifestantes discutiram, antes de seguir para a
Alesp. A discussão levou muitos participantes a abandonarem o ato.
A artesã Vânia Folco criticou a falta de objetividade do ato desta
noite. “O pessoal está com muitas divergências, acho que tem que focar
mais nos objetivos”, opinou. Mesmo com os problemas, Vânia destacou a
importância do protesto. “Eu sinto orgulho de estar aqui. Tenho vergonha
de quem fica em casa”, disse.
Para a engenheira florestal Cláudia Caliari, é importante lembrar que
o caso de Amarildo é apenas um exemplo da violência policial que
acontece em todo o país. “Não é só um, são vários Amarildos”. Já o
ilustrador Jonas dos Santos reclamou da falta de atenção dos governos de
Alckmin e Cabral às demandas sociais. “Eles só veem o lado dos ricos e a
gente simples, como nós, é tratada como lixo”, declarou.
O pedreiro Amarildo desapareceu no dia 14 de julho, após ser levado
por policiais militares, da casa dele na Rocinha, para a Unidade de
Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, no bairro de São Conrado, na
zona sul do Rio.
Este foi o quarto ato que lembra o caso do pedreiro carioca. O ato
foi acompanhado por homens da Polícia Militar. Na manifestação de ontem
(1º), três pessoas foram detidas e liberadas, depois de prestar
depoimentos na delegacia. As duas anteriores ocorreram depredações e
vandalismo.