Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Após truculência em protesto, ato público vai pedir afastamento de capitão da PMDF

Segunda, 9 de setembro de 2013
Imagens registram excessos de policiais contra manifestantes e jornalistas durante o Sete de Setembro. A ação foi repudiada por diversas entidades, entre elas a Abert e a Fenaj

Arthur Paganini — Correio Braziliense

Três fotógrafos e um repórter do Correio foram agredidos enquanto faziam a cobertura das manifestações, entre eles Monique Renne (D) (Ueslei Marcelino/Reuters)
Três fotógrafos e um repórter do Correio foram agredidos enquanto faziam a cobertura das manifestações, entre eles Monique Renne (D)

A segurança se preparou para o Sete de Setembro com um forte esquema na área central de Brasília. Pelo menos 4 mil PMs foram colocados nas ruas. Para garantir as comemorações do Dia da Independência, alguns cometeram excessos registrados em vídeo e fotos. Na área central, manifestantes pacíficos e jornalistas foram agredidos. A ação policial repercutiu em sites e jornais de todo o mundo e foi repudiada por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) e que representam a imprensa brasileira.

Jornalistas do Correio e de outros veículos se tornaram alvo da ação truculenta do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães). Os profissionais da imprensa, que portavam crachás de identificação, foram atingidos por bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, além spray de pimenta e balas de borracha.

Carlos Vieira (E) precisou de ajuda para se recuperar; André Coelho, de O Globo, foi atingido por bala de borracha  (Breno Fortes/Iano Andrade/CB/DA Press)
Carlos Vieira (E) precisou de ajuda para se recuperar; André Coelho, de O Globo, foi atingido por bala de borracha


 Breno Fortes (E) foi empurrado quando tentava ajudar colega; Arthur Paganini também foi empurrado e atingido por spray (Monique Renne/Breno Fortes/CB/DA Press)
Breno Fortes (E) foi empurrado quando tentava ajudar colega; Arthur Paganini também foi empurrado e atingido por spray

O ataque ocorreu na Praça das Fontes, em frente à Torre de TV, por volta das 14h40, quando a manifestação estava controlada, e o grupo de manifestantes disperso. “Sofri um ataque policial quando a situação entre a polícia e os manifestantes já havia sido controlada e num local onde só havia repórteres. Fui fotografar uma colega que tinha levado spray de pimenta no rosto e um outro policial jogou três jatos no meu rosto. Perdi o ar”, ressaltou a repórter fotográfica do Correio Monique Renne.

Repúdio

O uso de spray de pimenta por policiais do BPChoque da PMDF foi flagrado por um manifestante que tentava chegar ao Congresso Nacional com uma bandeira. No vídeo, registrado próximo à Rodoviária do Plano Piloto pelo grupo BH Protesta, é possível identificar um cinegrafista e um outro homem sendo atingidos pelo jato. A imagem mostra policiais militares impedindo o grupo de seguir com a bandeira a partir de um determinado ponto.

Questionado pelo cinegrafista sobre a ação, o comandante do BPChoque, capitão Bruno Rocha, confirmou que agiu deliberadamente e ironizou a situação. “Sim, (usei o spray) porque eu quis. Pode ir lá (à Corregedoria da PMDF) denunciar.” Indignados, pelo menos 400 jovens marcaram, pelas redes sociais, uma manifestação para quinta-feira. Eles pedirão a demissão do capitão Bruno.