Sexta, 20 de setembro de 2013
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
#CopaPública
Engenharia financeira de estádio em Curitiba opera o milagre de
transformar dinheiro público em recursos privados e revela quem está
bancando a conta da Copa
É um desafio entender a engenharia financeira montada para arcar com
os custos da reforma da Arena da Baixada, estádio do Atlético Paranaense
e sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014 em Curitiba. Para garantir o
evento da FIFA na “cidade-modelo”, como é conhecida a capital
paranaense, articulou-se um modelo de negócios que envolve recursos do
BNDES, do Estado do Paraná, da Prefeitura de Curitiba e do próprio Clube
Atlético Paranaense (CAP) que opera o milagre de transformar dinheiro
público em recursos privados. Um exemplo de como a questão dos
investimentos e do legado da Copa está sendo tratada, de fato, no país.
O enredo começa com o lançamento da Matriz de Responsabilidades, em
13 de janeiro de 2010. Nesse documento, que trata dos investimentos para
a realização da Copa 2014 no Brasil, ficou definido que em Curitiba, o
estádio utilizado seria a Arena da Baixada, que passaria por reformas de
184,6 milhões de reais. O Atlético Paranaense, dono do estádio,
entraria com R$ 113 milhões, o BNDES, com R$ 25 milhões para as obras e
reformas da Arena, e as obras complementares, orçadas em 46,6 milhões de
reais, ficariam a cargo da Prefeitura.
No dia 9 de agosto de 2010, porém, depois de entrevistas do
presidente do Atlético Paranaense, Marcos Malucelli, afirmando que o
clube “não se endividaria por causa da Copa do Mundo”, segundo ele, “de
responsabilidade da cidade e do Governo do Estado”, houve uma reunião
entre o então governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB); o prefeito
de Curitiba em exercício, Luciano Ducci (PSB); membros da diretoria do
Atlético e representantes dos comitês municipal e estadual da Copa no
Paraná. Ali ficou decidido que o clube teria direito a usar o
instrumento do potencial construtivo, da Prefeitura, para financiar sua
parte nos investimentos.