Domingo, 8 de junho de 2014
Do Blog do Professor Salin Siddartha

Há
que movimentar-se para buscar respostas aos problemas sociais de forma
criativa, pró-ativa e politicamente organizada, acolhendo demandas populares.
As percepções e propostas dos diferentes grupos civis, os seus movimentos e
suas grandes mobilizações passam a ser decisivos para uma estratégia possível
de mobilização da vontade social.
Decisões políticas podem gerar medidas de
política pública de restrição e de promoção. As decisões políticas tomadas – ou
não – e cumpridas pela sociedade podem interferir no destino de uma comunidade,
definindo o seu porvir. Isso envolve a questão da resposta da sociedade aos
seus problemas, o que depende de instituições políticas, econômicas e sociais e
de seus valores culturais. Tais instituições e valores afetam o modo como as
sociedades resolvem (ou tentam resolver) seus problemas.
A sobrevivência de uma determinada comunidade
estatui-se, na prática, por um pacto voluntário e tácito entre entes históricos
que se capilarizam pelos diversos Municípios da Nação, o que desagua nas opções
políticas – ou seja, é possível a uma comunidade organizar suas condições de
vida de forma mais humana, permitindo-se criar uma transformação econômica e
social com base no poder local, descentralizando e desburocratizando, de
maneira participativa, a gestão da cidade e, assim, reforçar o poder local com
equilíbrios democráticos em contraposição ao poder das elites.
A vontade coletiva é um elemento democrático
para a construção da ordem social e política. Uma vontade social que resulte do
esforço ético dos cidadãos para colocar o interesse geral acima do particular
pode ser estabelecida a partir de uma pedagogia do desenvolvimento, posta em
prática pelo poder local no intuito de elevar o nível de consciência da
comunidade em prol de valores que mudem a concepção clientelista e
patrimonialista, imposta por séculos de dominação oligárquica. Logo, uma
pedagogia do desenvolvimento seria capaz de interferir no consuetudinarismo
historicamente construído pela população, o qual a conduzisse a um desastre.
Nessas condições, o poder local tem a
possibilidade de despertar a população para a participação política livre da
manipulação das oligarquias. Então, a própria comunidade constitui poder
político em democracia participativa, sem a ingerência dos agentes nacionais.
A
questão de como a sociedade decide o seu destino e se transforma é básica para
a concepção da democracia local enfocada na solução das necessidades econômicas
e sociais da população. O direito do cidadão de intervir na criação de uma
qualidade de vida melhor requer sua participação nos organismos comunitários
dos movimentos populares de reivindicação urbana e rural, transcendendo o eixo
político-partidário e o eixo sindical.
(Cruzeiro-DF,
6 de junho de 2014)