Sexta, 20 de junho de 2014
Senador revela seus planos de percorrer o país unido à luta dos jovens
O senador Pedro
Simon (PMDB-RS), que no início da semana confirmou que deve se aposentar
no ano que vem, quando completa 65 anos de vida pública, pretende
continuar lutando por um Brasil mais sério e digno. O caminho escolhido,
contudo, é um pouco diferente. Simon planeja percorrer o país unido ao
movimento dos jovens, em um trabalho que pode ser visto como "mais
ingênuo", mas com o qual ele se identifica mais. Na eminência de uma
convulsão social diante da anomia do Estado, o senador ressaltou, em
conversa com o Jornal do Brasil por telefone, que a participação da mocidade é a chave para alguma mudança no quadro político.
Simon
destaca que sua permanência no Congresso tem sido muito dura e analisa a
trajetória do país, com seus bons e maus momentos, enumerando
personagens decisivos como os jovens com as redes sociais ou ainda
políticos que souberam governar em nome da sociedade. Alerta também para
as urgências que devem ser adotadas pelo próximo governo, em um momento
marcado por uma "mágoa", uma "tristeza" da população, em um grau talvez
pior do que em outras épocas da história brasileira.
O gaúcho, advogado e professor
universitário de forte bagagem acadêmica, ficou conhecido como um
político franciscano, que não acumulou bens durante a carreira. Devoto
de São Francisco de Assis, fez voto de pobreza. Ao longo dos quase 85
anos de vida, já foi vereador, deputado, ministro, governador e senador.
Estreou na política em 1954 como vereador pelo PTB de Caxias do Sul.
Foi deputado estadual durante 16 anos e, como presidente do MDB gaúcho,
organizou a oposição ao regime militar. Como um dos líderes do PMDB,
coordenou a campanha das "Diretas, Já" e percorreu o Brasil com Teotônio
Vilela na luta pela anistia. Foi coordenador da CPI que levou ao
impeachment
de Collor.
Confira a entrevista do Jornal do Brasil com o senador Pedro Simon na íntegra:
JB
- Com tantas denúncias e decepções relacionadas ao
cenário político brasileiro, mais ainda nos últimos anos com o advento
das redes sociais, muito tem se falado sobre um risco iminente de
convulsão social. O povo chegou a ter quatro momentos de grande
esperança no Brasil, o
da Vassoura, com Jânio Quadros,
nacionalista e reacionário; o da Revolução, em tentativa de ‘moralização
do país”, que acabou caindo em denúncias de
corrupção; o do caçador de Marajás,
identificado com uma classe mais alta; e o da ascensão da classe
trabalhadora,
com o PT e a esperança da classe mais
pobre.
Com tantas decepções ao longo da história política do país, o senhor
acredita que pode haver uma convulsão social, diante da anomia do estado, que
faça com que o povo arregace as mangas por si e procure uma solução?
Interessante,
foram situações realmente intensas,
que houve movimentação, uma desilusão por parte da sociedade. Jânio
Quadros renunciou e terminou com a luta do Brizola e a tentativa de
reação, de
manutenção da democracia, que depois terminou com a ditadura de 1964.
Mas o que eu quero dizer é o seguinte, o que tem de novo é que dessa
vez, nas "Diretas, Já", a mocidade foi para as ruas e a mocidade
derrotou a ditadura, e a mocidade fez a
democracia, essa é a uma grande realidade. Foi uma ditadura de 20 anos,
uma ditadura
dolorosa, dura, cruel. Tinha os que queriam a guerrilha, tinha os que
queriam a
luta armada, tinha os que queriam o sequestro e tudo mais, mas foi
através da
resistência civil, foi através dos jovens na rua, que se conseguiu
restabelecer a
democracia.