Segunda, 2 de junho de 2014
Nos próximos dias, os profissionais da saúde e servidores da
rede federal em greve farão atos em frente às unidades vinculadas ao Ministério
da Saúde.
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Isabela
Vieira - Repórter da Agência Brasil
Os profissionais da área de saúde do Instituto Nacional do
Câncer (Inca), em greve há uma semana, cobraram hoje (2) a retomada das
negociações com o Ministério da Saúde. Querem a redução da jornada de trabalho
para 30 horas semanais, além de melhores condições de atendimento e de
trabalho. Em ato no centro da cidade do Rio de Janeiro, denunciaram também a
falta de medicamentos, assédio moral e um caso de lesão corporal a uma
enfermeira, que teria sido agredida por um segurança.
Apesar do movimento grevista, o atendimento ao público na
unidade é feito normalmente, segundo a direção e as lideranças sindicais. A
greve consiste no não preenchimento de documentos internos e de prontuários
eletrônicos, procedimentos internos da instituição. Sobre a agressão à
enfermeira, ocorrida na semana passada, devido à greve, o Inca informa que o
caso está na corregedoria do Ministério da Saúde.
No protesto, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde,
Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev-RJ)
apresentou uma lista com mais de 20 itens em falta ou em nível crítico no Inca,
assinada pela chefe de Farmácia da unidade, Dulce Helena Nunes Couto. Entre
eles, remédios para o câncer, mal de Parkinson e antibióticos. No ato, um
caixão representava a unidade.
“O governo deixa faltar esses itens para justificar a gestão
privada”, avalia a diretora do sindicato Cristiane Gerardo. Segundo ela, semana
passada, chegaram a faltar fraldas descartáveis no Inca. O diretor do hospital,
Luiz Antonio Santini, no entanto, contesta a denúncia do sindicato. “Isso não é
verdade. É mentira”, declarou. “Eventualmente, quando há problema na
entrega, temos como resolver através de empréstimos e pedidos de antecipação”,
alegou.
O diretor do instituto também explicou que a decisão de
reduzir a jornada dos profissionais depende do governo, porque os servidores do
Inca fazem parte da carreira do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,
cuja carga horária é 40 horas. "O diferencial é que o salário é maior que
o dos demais servidores e agrega remuneração por títulos”, disse. Para mudar o
quadro, explica que é necessária uma mudança legal.
Por outro lado, o diretor do Sindisprev, Luis Fernando
Carvalho, esclarece que a redução da jornada para 30 horas no Inca é
fundamental para o melhor atendimento. “O tratamento de pacientes com câncer,
entre eles, crianças e idosos, leva a um adoecimento emocional e a um
esgotamento físico muito grande dos profissionais. A redução da carga horária
permite melhores condições de trabalho”.
Os profissionais em greve também pedem abertura de concurso.
O instituto anunciou um edital para substituir 583 profissionais, mas o
concurso não cobrirá o déficit, de acordo com os sindicalistas e a própria
direção do Inca. “É uma medida importante, mas não resolve porque perderemos um
número maior de pessoas por aposentadorias e perderemos a expertise e o
conhecimento daquelas que serão demitidas [pelo fim do contrato]”, avaliou
Santini.
Nos próximos dias, os profissionais da saúde e servidores da
rede federal em greve farão atos em frente às unidades vinculadas ao Ministério
da Saúde. Amanhã (3), estarão no Hospital Federal Cardoso Fontes e na
quarta-feira, no Hospital Federal da Lagoa, na zona sul. Entre as
reivindicação, também querem o fim da terceirização de profissionais.