Sexta, 6 de
junho de 2014
Da Tribuna da Bahia
Da coluna de Joaci
Góes
Aqui mesmo,
neste espaço, escrevemos três artigos, entre 2010 e 2011, considerando, como
vitória de Pirro, a realização da Copa no Brasil.
As razões do nosso inconformismo
eram, essencialmente, as mesmas que levaram multidões às ruas, há precisamente
um ano: inversão de prioridades, quando temos questões básicas que clamam por
soluções nas áreas de infraestrutura física e social, como rodovias, portos,
aeroportos, saneamento básico, segurança pública, saúde e educação.
Acrescentamos, também, naqueles artigos, a quase certeza
de que o momentoso evento daria ensejo ao aumento da bitola do
propinoduto para encher as burras das quadrilhas que, desgraçadamente, estão
encasteladas no poder. Facilitando as coisas, o Congresso Nacional aprovou, em
caráter de urgência, a lei que criou o Regime Diferenciado de Contratação,
rapidamente sancionada pelo Planalto, arguidamente, para assegurar a celeridade
das obras.
Como os fatos vêm demonstrando, à larga, não deu outra. Os
custos da realização da Copa no Brasil são os mais altos da história,
alcançando o superfaturamento das obras níveis estratosféricos, sem que
tenhamos conquistado qualquer dos grandes benefícios anunciados, como um grande
afluxo de turistas, projetando o País aos olhos do mundo, a elevação da
autoestima popular e a realização de obras destinadas a melhorar a mobilidade
urbana dos grandes centros nacionais. O resultado é o que aí está: os turistas
cancelando reservas, com medo da violência endêmica, o povo revoltado e o
trânsito ruim como nunca.
Para agravar, ainda mais, o humor popular, a má qualidade
de serviços essenciais ao presente e ao futuro das pessoas, como saúde,
segurança e educação, contribuindo para generalizar o pânico, coincide com a
pilhagem desenfreada do Erário, de que o escândalo da compra da refinaria de
Passadena, nos Estados Unidos, por valores trinta vezes superiores ao preço de
mercado, é o exemplo mais emblemático. Quando a Nação se debruçar sobre o
escândalo da Refinaria Lima e Abreu, em Pernambuco, que já custa dez vezes mais
o orçamento inicial, os monges de pedra corarão de vergonha.
Não integramos o exército do quanto pior melhor, como
mecanismo para chegar ao poder, como tem sido a prática do partido que empolgou
as massas com o discurso da ética e da honradez, decaindo, agora, no apreço
popular, em razão das barbaridades, sem nome, que comprometem,
irremediavelmente, sua biografia. Por isso, desejamos que a competição que,
dentro em pouco, se realizará em nosso País transcorra em ambiente da mais
completa normalidade.
Melhor, ainda, se o Brasil levantar o caneco pela sexta
vez e o povo mandar os malfeitores embora.