Quarta, 16 de julho de 2014
Manifestantes fecham rodovias no DF e Entorno por melhorias no transporte
Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil*
Duas manifestações no Distrito
Federal (DF) e Entorno interromperam o trânsito de veículos entre Goiás e
Brasília, na manhã de hoje (16). Entre Valparaíso e Cidade Ocidental,
em Goiás, manifestantes bloquearam o tráfego nos dois sentidos da BR-040
por volta das 7h. Já no Gama (DF), dezenas de usuários de transporte
público ocuparam a DF-480. Embora motivados por diferentes razões, os
dois protestos têm origens em problemas do sistema de transporte público
da capital federal e do Entorno.
A primeira manifestação reuniu
cerca de 150 moradores de Valparaíso, pelos cálculos da Polícia
Rodoviária Federal (PRF). O grupo exige a suspensão do processo
licitatório marcado para o próximo dia 2, quando será escolhida a
empresa que vai ser contratada para operar o transporte público na
região. Insatisfeito com a qualidade do serviço prestado e com as
mudanças adotadas por causa da instalação do veículo leve sobre pneus
(VLP), o grupo cobra maior participação popular nos projetos.
“Fizeram
as coisas sem comunicar a população. Tiraram várias linhas e agora
estamos à mercê disso aí [o VLP]. Tem gente que agora precisa pegar
quatro ônibus para chegar ao serviço”, declarou Guilherme Josias, um dos
manifestantes. “Quem antes gastava uma hora para chegar ao emprego
agora está gastando duas horas para fazer o mesmo trajeto”, acrescentou
Luciano Soares. “Já anunciaram que, na próxima segunda-feira, as linhas
mais usadas pelos alunos da Universidade de Brasília e por quem trabalha
nas avenidas W3 Sul e W3 Norte [que concentram grande parte dos
estabelecimentos comerciais de Brasília], vão ser suspensas. Essas
pessoas vão ter que passar a pegar dois ou três ônibus. Isso é uma falta
de respeito. Esperamos por um transporte público decente e agora estão
nos obrigando a usar esse sistema do VLP, tirando todas as outras linhas
de circulação”, criticou Andréa Gardenes.
Como os manifestantes prometiam permanecer ocupando a BR-040 até que representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fossem ao local, a PRF pediu o apoio da Força Nacional para liberar a pista. Segundo o chefe da Comunicação da PRF no Distrito Federal, Daniel Bonfim, o protesto causou um congestionamento de 10 quilômetros e foi encerrado sem que ninguém se ferisse. “A PRF está coordenando o trabalho para garantir a segurança e a fluidez da rodovia e para que as pessoas não voltem a bloquear o local.”
Já a DF-480 foi bloqueada por usuários que não conseguiam
pegar ônibus devido à paralisação de parte dos rodoviários do Distrito
Federal. Desde ontem (15), motoristas, cobradores e empregados
administrativos e da manutenção de algumas empresas interromperam
as atividades, impedindo que os ônibus dessas companhias deixem as
garagens. A paralisação, segundo o Sindicato dos Rodoviários do Distrito
Federal, é motivada pelo atraso no pagamento de salários e de outros
benefícios. Os funcionários da Riacho Grande, que passaram essa
terça-feira de braços cruzados, retornaram ao serviço hoje, após a
empresa pagar os salários atrasados. Hoje, foi a vez dos empregados das
empresas Pioneira, Marechal e São José retomarem as atividades.
Em entrevista à Rádio Nacional AM,
o diretor do DFTrans, Jair Tedeschi, disse que a paralisação afetou
mais de 60% dos usuários de todo o Distrito Federal. “Infelizmente, é um
problema que ocorre entre as empresas e seus funcionários. Estamos
intermediando, buscando uma solução com o sindicato dos rodoviários e
as empresas”, informou o diretor, reconhecendo que o governo do Distrito
Federal deve a empresas e cooperativas o pagamento de valores relativos
à tarifa técnica, diferencial entre o quanto de fato custaria a
passagem e o preço cobrado dos usuários.
“O prazo para efetuarmos
esse pagamento era ontem, mas não conseguimos fazê-lo por questões
técnicas. De qualquer forma, o que estamos devendo não deveria implicar o
pagamento das suas obrigações trabalhistas por parte dessas empresas.
Até porque, nosso atraso não é tão grande assim.”
*Colaborou Katiana Rabêlo, repórter do Radiojornalismo