Domingo, 10 de agosto de 2014
Ministro demitido durante a “faxina ética” de Dilma Rousseff, Lupi concorre a uma vaga no Senado
HUDSON CORRÊA
Da Revista Época
No
mês de junho, a Justiça autorizou a Polícia Federal a pedir ajuda aos Estados
Unidos para decifrar o conteúdo de um disco rígido externo. Repleto de arquivos
codificados, o HD fora apreendido pelos agentes federais na sede da construtora
Delta, no Rio de Janeiro, em outubro de 2013. A PF acredita que os arquivos
possam ser abertos por fabricantes de softwares de criptografia dos Estados
Unidos. O HD, diz a PF, pode conter novas pistas sobre o destino de R$ 360
milhões, segundo a PF, desviados de obras públicas pela Delta entre 2007 e
2012. Já se sabe que a quantia foi transferida para contas bancárias de
empresas de fachada, que só existem no papel. O destino final da dinheirama
ainda permanece um mistério. Os investigadores suspeitam que o dinheiro foi parar
no bolso de políticos. Seguindo essa trilha, ÉPOCA comparou documentos da
investigação a papéis da Justiça Eleitoral. Do cruzamento de informações, surge
o envolvimento de um ex-ministro dos governos Lula e Dilma, que até aqui não
aparecera no escândalo da Delta. Trata-se de Carlos Lupi, presidente
nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e ministro do Trabalho entre 2007 e 2011.
Cinco empresas de fachada, que receberam dinheiro sujo da
Delta, doaram juntas R$ 500 mil ao diretório nacional do PDT no ano eleitoral
de 2010. Lupi assina o documento que registra o recebimento da doação e
registra a entrada do dinheiro para o partido. Naquela época, Lupi ainda estava
na Esplanada dos Ministérios e era criticado por misturar o cargo no governo às
funções de presidente do PDT – que comanda de forma centralizadora desde 2004.
Antes de ser remetidas ao Tribunal Superior Eleitoral, as contas do PDT de
2010, incluindo as doações, foram aprovadas internamente, numa reunião dirigida
pelo então presidente interino do partido – o hoje ministro do Trabalho, Manoel
Dias. “Após análise e debates sobre os documentos apresentados, restou aprovada
por unanimidade a prestação de contas”, diz a ata da reunião no dia 15 de fevereiro
de 2011. Dias assumiu o Ministério do Trabalho em março de 2013. Sua posse
representou a volta do grupo político de Lupi ao governo Dilma. Ele fora
demitido durante a “faxina ética” do início do mandato, em meio a denúncias de
corrupção.
Dinheiro que deveria qualificar
trabalhadores é usado para patrocinar os cavaleiros amigos do neto do
sindicalista Jair Meneguelli – e o dinheiro é repassado por intermédio de uma
ONG de vôlei